WASHINGTON (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, negou nesta quinta-feira que tenha abandonado seu compromisso com a eventual criação de um Estado palestino, afastando-se de comentários que fez durante sua campanha de reeleição que provocaram fortes críticas dos Estados Unidos, um aliado de Israel.
"Eu não mudei a minha política. Nunca retratei meu discurso na Universidade Bar-Ilan seis anos atrás, pedindo por um Estado palestino desmilitarizado que reconheça o Estado judeu", disse Netanyahu em entrevista à MSNBC, dois dias depois de ganhar uma eleição israelense muito disputada.
"O que mudou é a realidade", declarou Netanyahu, citando a recusa da Autoridade Palestina em reconhecer Israel como um Estado judeu e o controle contínuo do grupo militante Hamas na Faixa de Gaza.
Netanyahu foi criticado pelos Estados Unidos e a comunidade internacional por seus comentários na véspera da eleição de terça-feira de que não haveria Estado palestino enquanto ele estivesse no poder.
Na quarta-feira, a Casa Branca repreendeu Netanyahu por abandonar seu compromisso de negociar um Estado palestino e por sua campanha de retórica "divisionista" em relação aos eleitores de minorias árabes em Israel.
Netanyahu recuou nesta quinta-feira de seu comentário feito na véspera da eleição.
"Eu não quero uma solução de um Estado. Quero uma solução pacífica e sustentável de dois Estados. Mas, para isso, as circunstâncias têm que mudar", disse ele à MSNBC.
Na entrevista para a televisão, Netanyahu descartou qualquer sugestão de que seja racista. "Eu não sou", afirmou.
As relações frias de Netanyahu com o presidente dos EUA, Barack Obama, ficaram ainda piores quando o premiê israelense aceitou um convite dos republicanos para falar ao Congresso duas semanas antes da eleição israelense, uma ação classificada por líderes democratas como um insulto à Presidência e uma quebra de protocolo.
Netanyahu, que recebeu um telefonema de felicitações do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, na quarta-feira, disse que tinha certeza de que falará com Obama em breve. "Nós vamos trabalhar juntos", disse à MSNBC. "Temos que fazer isso."
(Reportagem de Doina Chiacu, Matt Spetalnick e Anna Yukhanov)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR MPP