Por Henriette Chacar
JERUSALÉM (Reuters) - O ex-primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu disse nesta quarta-feira que conseguiu um acordo para formar um novo governo, após semanas de negociações inesperadamente duras com religiosos e parceiros de extrema direita de sua coalizão.
"Consegui", disse Netanyahu no Twitter, minutos antes do prazo de meia-noite estabelecido pelo presidente de Israel, Isaac Herzog. Um porta-voz de Herzog confirmou que a declaração de Netanyahu foi recebida.
O partido conservador Likud, de Netanyahu, e partidos nacionalistas religiosos próximos às comunidades ultraortodoxas e de colonos da Cisjordânia obtiveram maioria na eleição de 1º de novembro, garantindo 64 das 120 cadeiras do parlamento.
Mas o acordo para formar um governo foi prejudicado por disputas sobre um pacote de legislação proposto em questões que vão desde a autoridade de planejamento na Cisjordânia ao controle governamental sobre a polícia.
O novo governo --que Netanyahu deve apresentar dentro de uma semana-- assumirá o cargo após um ano que registrou os piores níveis de violência na Cisjordânia em mais de uma década, com mais de 150 palestinos e mais de 20 israelenses mortos.
Um governo estável seria a saída de um período turbulento em que os israelenses foram às urnas cinco vezes em menos de quatro anos. Mas as semanas de disputas deixaram claro que a coalizão ainda pode enfrentar tensões internas significativas.
Sua composição, bem como propostas que dariam ao parlamento maiores poderes para anular decisões judiciais, também causaram preocupações em Israel e no exterior. Críticos veem uma ameaça à independência do sistema de Justiça.
A inclusão dos radicais Itamar Ben-Gvir, do partido ultranacionalista Poder Judaico, e Bezalel Smotrich, do partido de extrema direita Sionismo Religioso, chocou palestinos e israelenses liberais.
Ambos se opõem a um Estado palestino e apóiam a extensão da soberania israelense na Cisjordânia, acrescentando outro obstáculo a uma solução de dois Estados, a resolução apoiada por líderes palestinos, Estados Unidos e governos europeus.