Por Jeffrey Heller
JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, levantou a possibilidade de revogar benefícios e direitos de viagem para parte dos palestinos que vivem em Jerusalém Oriental, disse um funcionário do governo nesta segunda-feira, em resposta a uma onda de violência palestina.
Tal movimento não parece ser iminente ou mesmo politicamente viável, mas sua simples menção contraria décadas de afirmação israelense de que Jerusalém é uma cidade unificada, onde os moradores árabes e judeus possuem direitos iguais.
Israel considera toda a cidade, incluindo Jerusalém Oriental, que foi ocupada com a Cisjordânia em 1967, como sua capital indivisível. Ao contrário dos demais árabes na Cisjordânia ocupada, os palestinos de Jerusalém Oriental recebem benefícios sociais israelenses e podem movimentar-se livremente em Israel.
Muitos dos agressores árabes em uma das piores ondas de violência de rua entre palestinos s israelenses nas últimas décadas vieram de Jerusalém Oriental. No momento, boa parte dos ataques palestinos contra israelenses está ocorrendo na Cisjordânia, e não em Jerusalém, onde começaram. As forças israelenses mataram nesta segunda-feira um agressor palestino que o Exército disse ter ferido à faca um soldado em um cruzamento perto da cidade de Hebron.
Desde 1º de outubro, pelo menos 54 palestinos, metade dos quais Israel diz que eram agressores, foram baleados e mortos por israelenses nos locais dos ataques ou durante protestos na Cisjordânia e Gaza. A polícia israelense afirma que 10 israelenses foram mortos a tiros ou a facadas por palestinos.
Citando comentários em uma reunião do gabinete de segurança realizada há duas semanas, o funcionário disse que Netanyahu mencionou a possibilidade de revogar alguns direitos para os palestinos que vivem dentro das fronteiras municipais de Jerusalém, mas fora do muro que Israel construiu durante uma campanha de atentados suicidas palestinoa há uma década.
Grupos de defesa dos direitos humanos estimam que cerca de 100 mil, ou quase um terço dos palestinos de Jerusalém, vivem além do muro. No entanto, o funcionário disse que não houve um debate sobre o assunto e Netanyahu não pediu que seja incluído na agenda de uma futura reunião.
Depois da guerra de 1967, Israel ampliou as fronteiras municipais de Jerusalém, anexando partes da Cisjordânia à cidade. Palestinos de Jerusalém não são cidadãos israelenses, mas possuem documento de identidade israelense que lhes concedem o estatuto de residente permanente.
(Reportagem adicional de Ori Lewis)