Por Trevor Hunnicutt e Kiyoshi Takenaka
TÓQUIO (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira que não houve mudança na política norte-americana de "ambiguidade estratégica" sobre Taiwan, um dia depois de irritar a China ao dizer que estaria disposto a usar a força para defender a ilha democrática.
A questão de Taiwan pairou sobre uma reunião em Tóquio de líderes do grupo Quad, formado por EUA, Japão, Austrália e Índia, que destacaram sua determinação em garantir uma região Indo-Pacífico livre e aberta diante de uma China cada vez mais assertiva --embora o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida tenha dito que o grupo não visava nenhum país.
Os quatro líderes disseram em um comunicado conjunto divulgado após suas conversas que "discutiram suas respectivas respostas ao conflito na Ucrânia e à trágica crise humanitária em curso".
Em uma aparente concessão à Índia, que há muito mantém laços estreitos com a Rússia, as palavras "Rússia" ou "russo" não aparecem no comunicado.
Kishida disse em entrevista coletiva que os líderes, incluindo o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, compartilharam suas preocupações sobre a Ucrânia e todos os quatro concordaram com a importância do Estado de Direito, soberania e integridade territorial.
Mas o comentário de Biden sobre Taiwan, que nem estava na agenda oficial da reunião do Quad, foi o foco de grande parte da atenção das delegações e da mídia.
Embora Washington seja obrigada por lei a fornecer à autogovernada Taiwan os meios para se defender, há muito tempo segue uma política de "ambiguidade estratégica" sobre se interviria militarmente para protegê-la no caso de um ataque chinês --uma convenção que Biden pareceu quebrar na segunda-feira.
Nesta terça-feira, Biden, perguntado se houve alguma mudança na política dos EUA em relação a Taiwan, respondeu: "Não".
"A política não mudou em nada. Afirmei isso quando fiz minha declaração ontem", disse ele após as conversas com seus colegas da Quad.
A China considera Taiwan uma parte inalienável de seu território e diz que é a questão mais sensível e importante em seu relacionamento com Washington.
O comentário de Biden na segunda-feira, quando ofereceu apoio militar dos EUA a Taiwan, foi o mais recente de uma série de afirmações aparentemente improvisadas que sugerem que sua inclinação pessoal é defender a ilha.
Alguns críticos disseram que ele falou mal sobre o assunto ou cometeu uma gafe, mas outros analistas sugeriram que, dada a extensa experiência de política externa de Biden e o contexto em que ele fez as observações, ao lado de Kishida e após a invasão russa da Ucrânia, não foi uma gafe.