Por Simon Johnson e Johan Sennero
ESTOCOLMO (Reuters) - A Academia Sueca que concede o Nobel de Literatura informou nesta sexta-feira que não concederá o prêmio neste ano devido a um escândalo de assédio sexual que provocou tumulto na instituição e levou à renúncia de vários membros de seu conselho.
Há décadas não ocorria um adiamento ou cancelamento do prêmio, mas a normalmente sigilosa Academia reconheceu que sua reputação foi prejudicada pelas alegações contra o marido de uma de suas integrantes e a admissão de que os nomes de alguns vencedores do prêmio foram vazados.
"A presente decisão foi tomada em vista da Academia atualmente diminuída e da confiança pública reduzida na Academia", disse a entidade em um comunicado.
A Academia, composta pela elite literária da Suécia, disse que pretende conceder dois prêmios em 2019, incluindo o de 2018.
"Achamos necessário dedicar tempo à recuperação da confiança pública na Academia antes de o próximo ganhador ser anunciado", disse Anders Olsson, Secretário-Permanente interino da Academia.
O tumulto causado pelas alegações sexuais contra o marido de uma integrante do conselho é inédito na Academia, uma instituição reverenciada estabelecida pelo rei Gustavo 30 em 1786 e ainda sob o patronato real.
Embora a Academia já tenha lidado com polêmicas antes, por exemplo ao conceder o Nobel de Literatura de 2016 ao cantor e compositor norte-americano Bob Dylan, o debate vinha se concentrando sobretudo no mérito literário, e não na própria instituição.
A Academia se viu subitamente no centro de uma enorme polêmica depois que 18 mulheres fizeram alegações de assédio sexual contra o fotógrafo e personagem cultural Jean-Claude Arnault, que é casado com Katarina Frostenson, autora e membro da Academia.