Por Ryan Woo e John Geddie
PEQUIM/CINGAPURA (Reuters) - A China registrou nesta quarta-feira o menor número de novos casos de coronavírus desde janeiro, apoiando uma previsão do principal conselheiro médico do país de que o surto terminará até abril, mas um especialista global em doenças alertou sobre a disseminação em outros lugares.
Os mercados financeiros tiravam proveito da previsão do epidemiologista chinês Zhong Nanshan, que na terça disse que o número de novos casos está diminuindo em algumas províncias e previu que a epidemia pode atingir seu pico neste mês, num momento em que o número de mortos pela doença na China superou a marca de 1.100.
Mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a epidemia representa uma ameaça global e um especialista que coordena a resposta ao vírus disse que, embora o surto possa estar atingindo seu pico na China, epicentro da epidemia, é provável que ele se espalhe para outros lugares do mundo, onde já começou.
"Ele se espalhou para outros países onde o surto está começando", disse Dale Fisher, chefe de Alerta Global de Epidemias e Rede de Resposta coordenada pela OMS, em entrevista em Cingapura.
"Em Cingapura, nós estamos no começo do surto", afirmou.
Cingapura registrou 47 casos e há preocupações de que a disseminação esteja aumentando.
Centenas de casos foram registrados em dezenas de outros países e territórios ao redor do mundo, mas somente duas pessoas morreram por causa do vírus fora da China continental --uma em Hong Kong e outra nas Filipinas.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse na terça que o mundo tem de "acordar e considerar esse vírus inimigo seu inimigo público número um". Disse ainda que a primeira vacina para a infecção pelo novo coronavírus deve sair em 18 meses.
Na China, o total de casos chegou a 44.653, disseram autoridades de saúde, incluindo 2.015 novos casos na terça. Esse foi o menor aumento diário em novos casos desde 30 de janeiro.
O número de mortos na China continental subiu em 97, para 1.113 até o final da terça.
Mas surgiram dúvidas nas redes sociais sobre a confiabilidade desses números, depois que na semana passada o governo fez mudanças nas linhas gerais para classificação de casos.