Por Matt Spetalnick e Julia Edwards
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusou a China nesta terça-feira de "medir forças" para impor suas exigências em disputas marítimas com os vizinhos asiáticos, e garantiu ao primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, o comprometimento dos EUA na defesa do território japonês, incluindo as ilhotas que Pequim reclama para si.
Em em uma entrevista à imprensa conjunta na Casa Branca, Obama afirmou que uma aliança forte entre EUA e Japão não deve ser vista como uma provocação à China, mas procurou apaziguar quaisquer dúvidas japonesas quanto ao apoio de Washington a Tóquio em qualquer possível confronto com Pequim.
"Quero reiterar que o compromisso de nosso tratado com a segurança do Japão é absoluto", declarou Obama ao lado de Abe.
No fronte econômico, os dois líderes concordaram que suas nações irão trabalhar para obter um desfecho rápido e bem-sucedido nas conversas sobre um acordo comercial com 12 países do Oceano Pacífico, apesar do fracasso dos negociadores norte-americanos e japoneses até o momento em delinear os temos finais de um acordo bilateral, essencial para qualquer pacto mais amplo.
"O primeiro-ministro Abe, como eu, está profundamente comprometido a fazer isso, e estou confiante de que o faremos", declarou Obama.
Louvando a parceria entre EUA e Japão, que chamou de "indestrutível", Obama recebeu Abe na Casa Branca em uma visita cujo propósito é exibir laços mais profundos na defesa e impulsionar o acordo comercial do Pacífico no momento em que os dois aliados procuram se contrapor ao poder crescente da
China na região.
Embora os líderes se propusessem a olhar para frente, Abe foi atormentado durante sua visita pelas críticas a respeito da maneira como lida com o passado do Japão nas guerras.
A agenda oficial pretende enfatizar como as coisas mudaram para os dois ex-inimigos da Segunda Guerra Mundial – embora algumas questões espinhosas permaneçam.
Obama e Abe aproveitaram sua reunião no Salão Oval nesta terça-feira para dar seu aval às novas diretrizes para a cooperação defensiva, um sinal da disposição de Tóquio para assumir mais responsabilidade por sua segurança enquanto a China flexiona os músculos cada vez mais na região.
Mas embora o Japão procure suavizar as restrições de sua constituição pós-guerra pacifista, ainda falta definir os detalhes sobre quanta liberdade de movimento seus militares terão para auxiliar forças norte-americanas para além das águas japonesas, especialmente no tenso mar do Sul da China.
O Japão tem uma desavença com Pequim em relação a pequenas ilhas administradas por Tóquio no mar do Leste da China, conhecidas como Senkakus no Japão e Diaoyus na China.
"Compartilhamos a preocupação com a reivindicação e as atividades de construção da China no mar do Sul, e a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Japão estão unidos em seu compromisso com a liberdade de navegação, com o respeito pela lei internacional e com a resolução pacífica de disputas sem coerção", afirmou Obama.
Embora a Casa Branca tenha descartado as esperanças de anúncio de um acordo comercial inédito entre EUA e Japão durante a visita de Abe, os líderes tentaram levar as negociações adiante e delinear um caminho para um pacto com as 12 maiores nações do Pacífico.
"Acolhemos o progresso significativo que foi feito nas negociações bilaterais", declararam os dois governos em uma "comunicado de visão" conjunto.
(Reportagem adicional de Nathan Layne, David Brunnstrom e Chizu Nomiyama)