Por Roberta Rampton e Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - O presidente norte-americano, Barack Obama, alertou nesta sexta-feira que a Grã-Bretanha ficará "no fim da fila" para um acordo comercial com os Estados Unidos se escolher deixar a União Europeia no referendo de junho.
Obama disse aos eleitores britânicos que a influência de sua nação na arena mundial foi "ampliada" por sua filiação ao bloco de 28 Estados-membros e que, como amigo próximo e aliado, os EUA sentem um grande interesse pelo assunto.
Falando em uma coletiva de imprensa conjunta com o primeiro-ministro, David Cameron, durante uma visita à Grã-Bretanha, Obama afirmou que a filiação britânica à UE enfatiza o "relacionamento especial" entre Washington e Londres.
"Acho que isso faz de vocês participantes mais importantes", disse.
No tema comércio, os EUA veriam um acordo com a UE como uma prioridade maior do que um pacto em separado com um mercado muito menor como o de uma Grã-Bretanha isolada.
"É justo dizer que, em algum momento mais adiante, pode haver um acordo comercial Grã-Bretanha-Estados Unidos, mas isso não irá acontecer em um futuro próximo porque nosso foco é negociar com um grande bloco, a União Europeia, para obter um acordo comercial", afirmou Obama.
"E a Grã-Bretanha ficará no fim da fila não porque não tenhamos um relacionamento especial, mas porque, dado o grande peso de qualquer acordo comercial, termos acesso a um grande mercado com muitos países, ao invés de tentar fazer acordos comerciais fatiados, é altamente eficaz".
Os fortes argumentos de Obama serão música para os ouvidos de Cameron e de outros da campanha do "fica", mas aqueles que fazem campanha pelo "sai" têm acusado o presidente dos EUA de interferência.
As pesquisas de opinião indicam que o "fica" está na frente, mas que a corrida está disputada e que o número de eleitores indecisos é muito alto.
Os comentários de Obama na entrevista coletiva vieram na esteira de um artigo publicado na página 20 do jornal Daily Telegraph, intitulado "Como seu amigo, eu lhes digo que a UE torna a Grã-Bretanha ainda maior", no qual evocou a história interligada dos dois países e as dezenas de milhares de norte-americanos jazendo em túmulos de guerra na Europa.
Seus comentários, que dominaram as manchetes do noticiário da TV britânica, rebatem uma das teses mas ardorosamente defendidas pelos adversários da filiação à UE --a de que a Grã-Bretanha seria capaz de prosperar nos mesmos termos com potências globais como os EUA.