Por Roberta Rampton e Lesley Wroughton
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o da Turquia, Tayyip Erdogan, discutiram em telefonema nesta terça-feira a situação do clérigo Fethullah Gulen, que mora nos EUA e é acusado pelas autoridades turcas de planejar a recente tentativa fracassada de golpe, disse a Casa Branca.
O governo turco apresentou material em formato eletrônico sobre Gulen ao governo norte-americano, que espera um pedido formal de extradição, disse o Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca.
As autoridades norte-americanas disseram que a Turquia precisa fornecer provas de que Gulen estava envolvido na tentativa de golpe. Qualquer pedido de extradição vindo da Turquia, uma vez submetido, será avaliado sob os termos de um tratado entre os dois países, declarou Earnest.
Obama ofereceu a ajuda a Ancara na investigação sobre a tentativa de golpe e pressionou Erdogan para que ele atuasse de acordo com os princípios democráticos da Constituição turca, disse o porta-voz.
"Os princípios da democracia devem ser observados mesmo quando investigações rigorosas são conduzidas”, afirmou ele.
O Departamento de Estado norte-americano declarou que ainda estava analisando os documentos submetidos pela Turquia e não poderia caracterizá-los como um pedido para extraditar Gulen.
Gulen, de 75 anos, ex-aliado de Erdogan, se exilou voluntariamente na Pensilvânia, onde vive desde o final da década de 1990. Ele nega envolvimento com a tentativa de golpe.
Mais cedo, o Ministério da Justiça da Turquia enviou um dossiê aos EUA sobre Gulen, mas não deixou claro se a documentação equivalia a um pedido oficial de extradição.
Um pedido para extraditar Gulen deve enfrentar obstáculos políticos e legais nos EUA.
Advogados nos Departamentos de Justiça e de Estado tem que analisar o eventual pedido para determinar se as alegadas acusações constituem crime nos dois países e se podem ser enquadrados no tratado de extradição. Passando esta fase, o pedido então seguiria para um juiz, para determinar sobre a existência de uma razão provável para que o crime fosse cometido e para que o acusado o tenha cometido.
Se o pedido passar por essas etapas e for considerado legal, ele precisaria ainda ser aprovado pelo secretário de Estado, John Kerry, que pode considerar fatores não legais, como argumentos humanitários.
(Reportagem adicional de Julia Harte, David Ingram, Doina Chicau e David Alexander)
((Tradução Redação São Paulo, +5511 56447719))
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