Por Jeff Mason e Matt Spetalnick
HAVANA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, irá se encontrar com dissidentes cubanos nesta terça-feira e assistir a um jogo de beisebol com o presidente da ilha comunista, Raúl Castro, depois de fazer um discurso que irá encerrar sua viagem histórica com uma visão esperançosa das futuras relações entre os dois países.
Depois de um dia de trocas de farpas com o líder cubano a respeito de direitos humanos, Obama irá se dirigir ao povo de Cuba em um discurso no Grande Teatro de Havana que será transmitido ao vivo pela mídia estatal para toda a ilha caribenha.
Obama, cujo segundo mandado termina em janeiro, também irá se reunir com líderes da sociedade civil na embaixada dos EUA como forma de enfatizar seu alerta a Raúl de que a falta de melhorias na questão dos direitos humanos em Cuba irá prejudicar os esforços que podem levar à suspensão do embargo econômico norte-americano, que já dura décadas.
A Casa Branca não divulgou uma lista dos líderes ativistas que Obama pretende encontrar.
Raúl se mostrou contrariado durante uma rara coletiva de imprensa na segunda-feira quando um jornalista dos EUA lhe indagou sobre a detenção de opositores políticos. Ele negou tais práticas e exigiu uma lista de exemplos. A Casa Branca disse já ter compartilhado muitas listas do tipo com o governo cubano.
O encontro de Obama com dissidentes sublinha as tensões ainda existentes entre os ex-inimigos da Guerra Fria, apesar da reaproximação iniciada em 2014, que levou à antes impensável chegada do avião presidencial Air Force One ao solo cubano.
A reunião também reflete a necessidade de Obama de convencer seus críticos em casa de que sua visita, a primeira de um mandatário norte-americano em 88 anos, não será usada para fortalecer o governo de Raúl.
É frequente Obama se reunir com líderes da sociedade civil em suas viagens ao exterior, especialmente em países como a China, onde Washington também expressou preocupações em relação aos direitos humanos.
Além do encontro, assessores dizem que Obama planeja usar seu discurso para oferecer uma visão de relações mais amistosas mesmo depois que ele deixar o Salão Oval. "É o tema certo para dar um passo atrás e falar ao povo cubano, e quero dizer todo o povo cubano", disse o vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, na segunda-feira.
Obama encerra a visita com um jogo de beisebol. Ele e sua família, que o acompanha na viagem, irão se juntar a Raúl para assistir a uma partida de exibição d entre o time norte-americano Tampa Bay Rays e a seleção cubana.
A Casa Branca quer que o evento enfatize os laços em comum entre cubanos e norte-americanos, e irá criar uma imagem dos dois líderes desfrutando de um passatempo para coroar a viagem.
Obama parte para uma visita de dois dias à Argentina após o jogo.
(Reportagem adicional de Dan Trotta e Frank Jack Daniel)