Por Sarah Marsh e John Irish e Alan Charlish
BERLIM/PARIS/VARSÓVIA (Reuters) - Os apoiadores da Ucrânia usarão lucros extraordinários de ativos russos congelados para financiar a compra de armamentos para Kiev, afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz, após se encontrar com seus colegas francês e polonês em ato com o objetivo de mostrar unidade após semanas de atritos entre eles. Em coletiva de imprensa realizada em Berlim, Scholz, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, reafirmaram seu apoio à Ucrânia, cujas tropas enfrentam baixa de munições e as mais duras batalhas desde o início da invasão da Rússia, há dois anos. O apoio da Europa tornou-se cada vez mais importante, já que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não tem conseguido aprovar no Congresso um amplo pacote de auxílio aos ucranianos, e grande parte do foco de seu governo na política externa está agora voltado para a guerra na Faixa de Gaza. Scholz afirmou que os líderes concordaram com a necessidade da compra de mais armas para a Ucrânia no mercado global e com o aumento da produção de equipamentos militares, inclusive por meio da cooperação com parceiros localizados dentro de solo ucraniano. "Usaremos os lucros extraordinários dos ativos russos congelados na Europa para apoiar financeiramente a compra de armas para a Ucrânia", disse Scholz, em sinal de apoio a uma proposta feita pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no mês passado. Macron reiterou sua tese de que não está em jogo apenas a segurança da Ucrânia, mas a de toda Europa: "Faremos o que for necessário e pelo tempo que for necessário para que a Rússia não vença essa guerra. Essa determinação é inabalável e requer a nossa unidade". Ele afirmou que os três líderes concordaram em nunca iniciar qualquer tipo de escalada contra a Rússia, em uma possível sinalização para minimizar as conversas sobre o envio de tropas terrestres ocidentais para a Ucrânia. A reunião, que contou com o chamado Triângulo de Weimar, foi realizada após semanas de tensão, particularmente entre Scholz e Macron, que alarmaram oficiais em Kiev e em todo o solo europeu. Um encontro organizado às pressas em Paris, no mês passado, tinha como objetivo impulsionar os esforços do Ocidente para repelir a invasão russa. Mas a recusa de Macron de descartar o envio de tropas ocidentais ao país causou uma reprimenda do lado alemão. Mykhailo Podolyak, um assessor do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, disse à Reuters que a "indecisão e as ações descoordenadas" dos aliados de Kiev estão trazendo "graves consequências".
(Reportagem de John Irish e Dominique Vidalon em Paris, Andrew Gray em Bruxelas, Sarah Marsh, Thomas Escritt e Andreas Rinke em Berlim; Pavel Polityuk em Kiev, Alan Charlish e Marek Strzelecki em Varsóvia)