GENEBRA (Reuters) - Uma “catástrofe de saúde pública” é iminente em Gaza, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira, em meio a superlotação, deslocamentos em massa e danos à infraestrutura.
O porta-voz da OMS Christian Lindmeier alertou para o risco de mortes de civis não diretamente ligadas ao bombardeio israelense.
“É uma catástrofe iminente de saúde pública que se aproxima com deslocamento em massa, superlotação, danos à infraestrutura de água e saneamento”, disse Lindmeier aos repórteres.
Autoridades de saúde de Gaza dizem que mais de 8.300 palestinos foram mortos desde que Israel iniciou ataques aéreos no enclave administrado pelo Hamas em resposta aos ataques de 7 de outubro, quando o Hamas matou 1.400 pessoas em Israel e fez mais de 200 reféns.
Os militares israelenses iniciaram operações terrestres em Gaza na semana passada.
Questionado se as pessoas estavam morrendo por outras complicações além das causadas pelo bombardeio, Lindmeier disse: “De fato estão”.
Um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Elder, alertou para o risco de mortes infantis devido à desidratação, com produção de água a 5% dos níveis normais.
“Portanto, especialmente as mortes infantis devido à desidratação são uma ameaça crescente”, disse ele, acrescentando que as crianças estavam ficando doentes por beberem água salgada.
Cerca de 940 crianças estão desaparecidas em Gaza, afirmou ele, e algumas delas podem estar presas sob os escombros.
Outras estão sofrendo traumas ou estresse severo, segundo ele, como a filha de 4 anos de um colega do Unicef que começou arrancar os cabelos e coçar as coxas até sangrarem.
O escritório humanitário da ONU, em comunicado divulgado nesta terça-feira, disse que o abastecimento de água ao sul de Gaza foi interrompido na segunda-feira "por razões desconhecidas".
Lindmeier pediu que combustível fosse autorizado a entrar em Gaza para permitir o funcionamento de uma usina de dessalinização. Israel bloqueou a Faixa de Gaza e recusa-se a permitir o fornecimento de combustível, dizendo que este poderia ser usado pelo Hamas para fins militares.
(Reportagem de Emma Farge e Gabrielle Tétrault-Farber)