Por Tom Miles
GENEBRA (Reuters) - O uso de uma droga experimental para tratar dois trabalhadores de ajuda humanitária norte-americanos infectados pelo vírus Ebola levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a considerar as implicações de tornar esses tratamentos acessíveis mais amplamente, disse a agência nesta quarta-feira.
A OMS, que realiza encontro de dois dias de um comitê emergencial de especialistas para decidir a resposta internacional ao surto que já matou quase mil pessoas na África Ocidental, disse que deverá promover um encontro de especialistas em ética médica na próxima semana.
"Estamos numa situação incomum neste surto. Temos uma doença com uma alta taxa de mortalidade sem nenhum tratamento ou vacina comprovados", disse a diretora-geral-assistente da OMS, Marie-Paule Kieny, em comunicado.
"Precisamos pedir aos especialistas em ética orientação sobre qual é a coisa responsável a se fazer agora."
O comunicado da OMS diz que o padrão "ouro" para avaliação de novos medicamentos envolve uma série de testes em humanos, começando em pequena escala para garantir que o medicamento é seguro, e que o princípio orientador é o de "não fazer mal".
Não há vacina ou remédio registrado contra o vírus, mas há várias opções experimentais em desenvolvimento.
O tratamento dado a dois trabalhadores norte-americanos da área médica consiste em proteínas chamadas anticorpos monoclonais, que se amarram ao vírus do Ebola e o desativam. Esse tratamento só havia sido testado em animais de laboratório.
A OMS tem sido criticada por uma resposta lenta ao surto de Ebola, o maior em quase quatro décadas de história da doença.
Na terça-feira, três dos maiores especialistas do mundo em Ebola pediram que remédios e vacinas experimentais sejam dados a pacientes com a doença e disseram ser necessária uma resposta internacional mais forte.
O número de mortos no surto de Ebola na África Ocidental chegou a 932 até 4 de agosto, em um total de 1.711 casos registrados, de acordo com balanço da OMS desta quarta-feira.