Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - O coronavírus pode deixar doentes ou matar jovens, que também devem evitar transmití-lo para pessoas mais velhas e mais vulneráveis, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira.
Com mais de 210 mil casos e 9 mil mortos pelo vírus em todo mundo, a cada dia é registrado um "novo e trágico marco", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Embora as pessoas mais velhas sejam as mais atingidas, as mais jovens não são poupadas. Dados de muitos países mostram claramente que pessoas com menos de 50 anos representam uma proporção significativa de pacientes que necessitam de hospitalização", disse Tedros em entrevista coletiva online.
"Hoje tenho uma mensagem para os jovens: vocês não são invencíveis, esse vírus pode colocá-los no hospital por semanas ou até matá-los. Mesmo que você não adoeça, as escolhas que você faz sobre onde vai podem ser a diferença entre a vida e a morte para outra pessoa."
O órgão informou que a cidade chinesa de Wuhan, epicentro da pandemia, não registrou novos casos na quinta-feira pela primeira vez, "dando esperança ao resto do mundo de que mesmo a situação mais grave pode ser contornada", declarou Tedros.
Em meio à escassez de equipamentos de proteção para profissionais de saúde e testes de diagnóstico, fabricantes chineses concordaram em fornecer estes produtos à OMS, disse ele. Os acordos estão sendo finalizados e os embarques coordenados para reabastecer um depósito em Dubai responsável pelo envio de suprimentos para onde mais se precisa, acrescentou.
Serão necessárias "pontes aéreas" para agilizar o transporte de suprimentos aos países, pois muitos voos regulares foram cancelados, de acordo com Mike Ryan, principal especialista em emergências da OMS.
A OMS distribuiu 1,5 milhão de testes de laboratório em todo o mundo, mas a demanda pode chegar a ser 80 vezes maior para o combate à pandemia, disse ele.
Ryan, questionado sobre o Irã - que está comemorando o Ano Novo Persa enquanto luta contra o coronavírus que matou mais de 1.400 pessoas e infectou quase 20 mil no país - disse que essas celebrações precisam ser modificadas.
Reuniões em massa "não apenas amplificam a doença, mas podem disseminar a doença muito longe do centro", afirmou. "Então elas podem ser muito, muito, muito, muito perigosas em termos de gerenciamento de epidemias."
A OMS passou a recomendar "distância física" em vez de distanciamento social para ajudar a impedir a transmissão do vírus, disseram autoridades.
"Estamos mudando para dizer 'distância física' e isso é de propósito, porque queremos que as pessoas continuem conectadas", disse Maria Kerkhove, epidemiologista da OMS.
"Portanto, encontre maneiras de fazer isso, através da Internet e através de diferentes mídias sociais, para permanecer conectado, porque sua saúde mental passando por essa (pandemia) é tão importante quanto sua saúde física", disse ela.