Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou um "Pacto para o Futuro" neste domingo, que o Secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, descreveu como um acordo histórico que é uma "mudança radical em direção a um multilateralismo mais eficaz, inclusivo e em rede"
O pacto, que também inclui um anexo sobre o trabalho em direção a um futuro digital responsável e sustentável, foi adotado sem votação no início da Cúpula do Futuro. O acordo foi firmado após cerca de nove meses de negociações.
"Estamos aqui para trazer o multilateralismo de volta da beira do abismo", disse Guterres na cúpula.
POR QUE É IMPORTANTE
Guterres insistiu por muito tempo na realização da cúpula e no pacto, que abrange temas como paz e segurança, governança global, desenvolvimento sustentável, mudança climática, cooperação digital, direitos humanos, gênero, juventude e gerações futuras. Ele estabelece cerca de 56 ações amplas que os países se comprometeram a realizar.
PRINCIPAIS CITAÇÕES DO PACTO PARA O FUTURO
"Reconhecemos que o sistema multilateral e suas instituições, com as Nações Unidas e sua Carta no centro, devem ser fortalecidos para acompanhar o ritmo de um mundo em transformação. Elas devem ser adequadas para o presente e o futuro - eficazes e capazes, preparadas para o futuro, justas, democráticas, equitativas e representativas do mundo atual, inclusivas, interconectadas e financeiramente estáveis.
"Hoje, prometemos um novo começo no multilateralismo. As ações deste Pacto visam garantir que as Nações Unidas e outras instituições multilaterais importantes possam proporcionar um futuro melhor para as pessoas e o planeta, permitindo-nos cumprir nossos compromissos existentes e, ao mesmo tempo, enfrentar desafios e oportunidades novos e emergentes."
CONTEXTO
As crises globais destacaram a necessidade de reforma das Nações Unidas e de revisão dos sistemas financeiros internacionais. Esses desafios incluem guerras contínuas na Ucrânia, em Gaza e no Sudão; esforços atrasados de mitigação das mudanças climáticas; problemas generalizados de dívidas nacionais; e preocupações com o avanço da tecnologia sem governança.
O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Vershinin, criticou as negociações e a adoção do pacto.
A Rússia fracassou em sua tentativa de incluir uma emenda - apoiada pela Coreia do Norte, Síria, Nicarágua, Belarus e Irã - que teria explicitado que "as Nações Unidas e seu sistema não devem intervir em questões que estão essencialmente dentro da jurisdição doméstica de qualquer Estado".