Por Gabrielle Tétrault-Farber
GENEBRA (Reuters) - O escritório humanitário das Nações Unidas disse nesta sexta-feira que as autoridades israelenses estavam sistematicamente negando acesso ao norte de Gaza para entregar ajuda, o que prejudicou significativamente a operação humanitária no local.
"As operações no norte têm se tornado cada vez mais complicadas", disse Andrea De Domenico, diretor do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) nos Territórios Palestinos Ocupados.
"Temos uma recusa sistemática do lado israelense de nossos esforços para chegar lá, para acessar o norte."
Autoridades israelenses e a Cogat - uma agência do Ministério da Defesa de Israel encarregada de coordenar as entregas de ajuda nos territórios palestinos - não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Israel já havia negado o bloqueio da entrada de ajuda.
A ofensiva israelense, lançada após um ataque mortal de militantes do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, destruiu a infraestrutura civil e causou escassez aguda de alimentos, água e medicamentos.
Desde o início das hostilidades, as entregas de ajuda ao norte de Gaza têm sido limitadas, e a área ficou totalmente isolada da ajuda externa durante semanas no início do conflito.
De Domenico disse que Israel se preocupa com as entregas de combustível e outros suprimentos que poderiam ser desviados para o Hamas, e tem relutado em autorizar as entregas de ajuda aos hospitais no norte de Gaza.
"Em particular, eles têm sido muito sistemáticos em não nos permitir dar suporte a hospitais, algo que está atingindo um nível de desumanidade que, para mim, está além da compreensão", afirmou ele.
De Domenico disse que o Ocha não foi autorizado a retornar a Jabalia e que foi autorizado a levar apenas uma quantidade muito precisa de combustível para o Hospital Al-Shifa, que duraria por um determinado período.
Em comentários separados, o escritório de direitos humanos da ONU disse que Israel, que enfrenta acusações de genocídio em corte da ONU em Haia nesta semana, falhou repetidamente em assegurar a lei humanitária internacional.
"Destacamos repetidamente as falhas recorrentes de Israel em defender os princípios fundamentais da lei humanitária internacional: distinção, proporcionalidade e precauções na realização de ataques", disse Elizabeth Throssell, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).