Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - A Organização das Nações Unidas (ONU) disse nesta quarta-feira que as forças de segurança da Venezuela cometeram amplas e aparentemente deliberadas violações de direitos humanos ao reprimir protestos contra o governo.
As ações indicaram "uma política para reprimir a dissidência política e instilar o medo", disse a agência de direitos humanos da ONU em um relatório que clamou por novas investigações.
O texto pediu que o governo do presidente Nicolás Maduro liberte manifestantes presos arbitrariamente e pare de usar tribunais militares para julgar civis.
Acredita-se que mais de mil pessoas estivessem sob custódia até 31 de julho, entre mais de 5 mil detidos em manifestações de rua ocorridas desde abril, segundo o relatório. Muitas vezes os detidos são submetidos a maus tratos, que em alguns casos documentados equivaleram à tortura.
"Relatos críveis e coerentes de vítimas e testemunhas indicam que as forças de segurança usaram força excessiva sistematicamente para conter manifestações, reprimir a dissidência e instilar o medo", disse a agência no relatório após descobertas iniciais divulgadas em 8 de agosto.
As forças de segurança utilizaram cilindros de gás lacrimogêneo, motos, canhões de água e munição real para dispersar os manifestantes, segundo o documento.
Acredita-se que o aparato de segurança venezuelano e grupos pró-governo sejam responsáveis pelas mortes de 73 pessoas desde abril, e a responsabilidade das outras 51 mortes não foi determinada, afirmou o relatório da ONU.
O saldo total de 124 mortes inclui nove membros das forças de segurança que o governo diz terem sido mortos no decorrer de julho e quatro pessoas supostamente mortas por manifestantes, disse o texto.
Alguns manifestantes recorreram a meios violentos, que foram de pedras a estilingues, coquetéis molotov e morteiros caseiros, nos protestos contra Maduro e a escassez de alimento e outros bens de primeira necessidade, segundo o relatório.
Maduro tem dito que a Venezuela é vítima de uma "insurreição armada" de opositores apoiados pelos Estados Unidos que querem obter o controle da riqueza petrolífera do país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Masm à medida que a crise política se agrava, o uso da força por parte das forças de segurança escalou progressivamente, disse o texto.