Por Suleiman Al-Khalidi
AMÃ (Reuters) - Aviões de guerra atacaram o último enclave rebelde perto da capital da Síria pelo quinto dia consecutivo nesta quinta-feira, e a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu por uma trégua para deter um dos ataques aéreos mais ferozes da guerra civil de sete anos e evitar um "massacre".
Mais de 300 pessoas morreram no distrito rural de Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, desde domingo à noite, e centenas ficaram feridas, de acordo com monitores de direitos humanos e agências humanitárias que dizem que aviões russos e sírios alvejaram hospitais e outros alvos civis.
No norte, onde a Turquia lançou uma ofensiva contra uma milícia curda no mês passado, os curdos disseram que combatentes pró-governo agora estão rumando para as linhas de frente para ajudar a conter o avanço turco. Forças governamentais também entraram em uma parte de Aleppo controlada pela milícia curda YPG, disseram uma testemunha e um grupo de monitoramento, mas a YPG negou.
Nos últimos dias a YPG --aliada dos Estados Unidos em outras partes da Síria-- buscou auxílio contra o governo sírio apoiado pela Rússia para resistir à ofensiva turca, um exemplo das alianças inesperadas forjadas durante um conflito de muitos lados que vem atraindo vizinhos e potências mundiais.
Agora a atenção internacional se concentra no drama humanitário de Ghouta Oriental, onde 400 mil pessoas estão sitiadas há anos e os bombardeios do governo se intensificaram muito no domingo, causando enormes baixas civis.
"Existe uma necessidade de evitar o massacre, porque seremos julgados pela história", disse o enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura.
Moradores de Douma, a maior cidade do distrito, descreveram colunas de fumaça negra em áreas residenciais depois que aviões lançaram bombas de uma grande altitude. Buscas por corpos estão em andamento nos escombros da cidade de Saqba e em outros locais, disseram agentes de resgate.
De Mistura disse esperar que o Conselho de Segurança da ONU aprove um resolução pedindo um cessar-fogo em Ghouta Oriental, mas reconheceu que será difícil: "Espero que aprove. Mas é uma luta. Mas espero que aprove. É muito urgente", disse ele à Reuters ao chegar à ONU em Genebra.
A Rússia, que é aliada do presidente sírio, Bashar al-Assad, e tem poder de veto no Conselho, diz que será duro obter uma trégua.
(Reportagem adicional de Tom Miles em Genebra e Polina Nikolskaya em Moscou)