Por Louis Charbonneau
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O chefe da força de paz da ONU negou veementemente nesta quarta-feira as alegações do chefe do exército das Filipinas de que as forças de paz filipinas nas Colinas de Golã foram ordenadas a entregar suas armas para militantes islâmicos que os mantinham presos.
O chefe do exército Filipino general Gregorio Catapang disse que seus soldados se defenderam contra os rebeldes islâmicos no último fim de semana, desafiando uma ordem de seu comandante da força da ONU para entregar armas, um movimento que seria altamente controverso para o grupo dos capacetes azuis, que reúne seis nações.
O sub-secretário geral da ONU para a força de paz, Hervé Ladsous, negou que tal ordem tenha sido dada.
O vai-e-vem ressalta um aumento da tensão na força de paz da ONU após os confrontos do fim de semana com militantes islâmicos em território controlado por israelenses na fronteira sudeste da Síria.
Combatentes islâmicos lutando contra o exército sírio invadiram na semana passada um ponto de passagem na linha que separa os israelenses e sírios nas Colinas de Golã desde a guerra de 1973, na mais recente escalada da guerra civil na Síria, agora em seu quarto ano.
Os combatentes então se voltaram contra os capacetes azuis da força de paz ONU que tem acompanhado a linha de cessar-fogo desde 1974. Depois que 45 fijianos foram capturados na quinta-feira, 72 filipinos foram sitiados em dois outros locais durante dois dias por militantes antes de eles escaparam.
Os militantes, que se acredita serem parte de um grupo ligado ao al Qaeda, conhecido como Frente Nusra, ainda estão mantendo os 45 membros fijianos da força de paz das Nações Unidas, nas Colinas de Golã.
Catapang disse que em determinado momento, enquanto os filipinos foram presos, o comandante-geral da força UNDOF, Iqbal Singh Singha, da Índia, ordenou aos soldados que entregassem suas armas para evitar riscos aos fijianos capturados.
Perguntado sobre que ordem foi dada para os filipinos, Ladsous respondeu: "Nunca entregar as armas." A ordem era simplesmente "não atirar", disse ele.
Um funcionário da ONU disse à Reuters que nenhum comandante da força iria ordenar aos seus soldados para entregar armas aos rebeldes. Se isso viesse a acontecer, disse o oficial, o comandante ficaria "sem emprego", já que os países que fornecem armas e material para a força não estariam dispostos a reabastecer a missão.
Vários diplomatas do Conselho de Segurança disseram que a questão sobre quais ordens podem ter sido dadas foi discutida nesta quarta-feira em uma reunião a portas fechadas do órgão composto por 15 nações.
Nessa reunião, Ladsous manifestou o total apoio a Singha, disseram à Reuters os diplomatas que estavam presentes. Depois Ladsous disse a jornalistas que Singha "exerceu julgamento de bom senso o tempo todo" durante a crise.
Ladsous disse que a ONU não tinha confirmado se os militantes que atacaram os filipinos e mantinham os fijianos presos pertencem à Frente Nusra.
Soldados das forças de paz da ONU foram sequestrados por duas vezes no ano passado e em ambos os casos foram libertados ilesos.
(Reportagem adicional de Manuel Mogato em Manila)