TÓQUIO (Reuters) - Governos devem agir conjuntamente para tirar mais pessoas da pobreza e reduzir a desigualdade, disse uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira, alertando que a melhoria global na expectativa de vida, na educação e em outras medidas de desenvolvimento está perdendo força.
"Capacidades podem ser aumentadas e as escolhas, protegidas em nível nacional, mas medidas nacionais são mais facilmente habilitadas quando compromissos globais estão em andamento e apoio global está disponível", disse o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) em seu Relatório de Desenvolvimento Humano anual.
A administradora do Pnud, Helen Clark, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, disse que governos devem se focar na erradicação da pobreza mesmo ao terem que lidar com desastres naturais.
"Não é aceitável que tantas pessoas ainda estejam vivendo em pobreza extrema ou muito, muito vulneráveis a ela", disse Clark à Reuters em Tóquio, onde o relatório deste ano foi divulgado.
"Não é hora de desistir do desenvolvimento, é hora para todos os amigos tradicionais do desenvolvimento, como o Japão, estarem dizendo, ‘O que mais posso fazer?', ‘O que posso fazer melhor?'."
Mais de 2,2 bilhões de pessoas, ou 15 por cento da população mundial, vivem na pobreza ou perto dela, disse o relatório. Mais de 1,5 bilhão de pessoas - quase metade de todos os trabalhadores - estão em empregos "informais" ou precários.
BRASIL MANTÉM TENDÊNCIA ASCENDENTE
O relatório divulgado nesta quinta mostra que o índice de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil subiu uma posição na tabela com 187 países e territórios, ficando na 79ª posição com um índice de 0,744 em 2013, comparado a 0,742 em 2012. O aumento foi puxado por melhorias na expectativa de vida do brasileiro, assim como no crescimento da renda per capita.
Apesar do avanço, o país segue atrás dos vizinhos Chile (41o lugar), Argentina (49o), Uruguai (50o) e Venezuela (67o).
Desde o início da medição do índice, a tendência brasileira tem sido sempre de melhora. Entre 1980 e 2013, o IDH brasileiro aumentou 36,4 por cento, de acordo com o relatório, o maior crescimento entre os países da América Latina, impulsionado sobretudo pelo incremento de 11,2 anos na média de anos de estudo e de 55,9 por cento na renda per capita.
O relatório aponta, no entanto, que o desenvolvimento humano do Brasil é um dos mais desiguais. De acordo com um dos cálculos do Pnud, caso fosse levada em consideração a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano, o IDH brasileiro deveria ter seu resultado descontado em 27 por cento, acima das médias mundial (19,7 por cento) e da América Latina e Caribe (26,3 por cento).
(Por Minami Funakoshi; com reportagem adicional de Felipe Pontes no Rio de Janeiro)