GENEBRA (Reuters) - O chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Zeid Ra’ad al-Hussein, disse nesta quarta-feira que crimes contra a humanidade podem ter sido cometidos por forças de segurança da Venezuela, e expressou preocupação com "a erosão de instituições democráticas" no país.
O alto comissário para direitos humanos da ONU disse que seu gabinete havia recebido denúncias confiáveis de "centenas de assassinatos extrajudiciais nos últimos anos, tanto durante protestos como em operações de segurança".
"Mais uma vez, encorajo o conselho a considerar autorizar uma Comissão de Inquérito para investigar violações de direitos humanos na Venezuela", disse ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, durante sua principal sessão anual de 4 semanas, que irá até o dia 23 de março.
A Venezuela está entre os 47 membros do fórum de Genebra, onde recebe apoio de aliados liderados por Cuba, mas têm sido criticada pelos Estados Unidos e outros países da América Latina por ameaças à democracia e uma crise alimentar e de saúde.
Na última semana, a Venezuela adiou sua eleição presidencial de abril para o dia 20 de maio, em uma decisão que consolidou a divisão da oposição à medida que o presidente socialista Nicolás Maduro busca reeleição apesar de uma crise econômica e censura global.
A principal coalizão de oposição da Venezuela está boicotando a eleição, dizendo que a votação é uma farsa para legitimar uma "ditadura".
O contexto da eleição presidencial da Venezuela "não cumpre, de maneira nenhuma, as condições mínimas para eleições livres e confiáveis", disse Zeid. "Estou profundamente preocupado com o crescente êxodo de venezuelanos de seu país, muitos deles em busca de acesso a comida e serviços básicos".
(Reportagem de Stephanie Nebehay)