Por Luke Baker
QUNEITRA Colinas de Golã (Reuters) - Autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) percorreram a fronteira árida entre a Síria e as Colinas de Golã, ocupadas por Israel, nesta sexta-feira, tentando determinar o paradeiro de 49 soldados das forças de paz da ONU capturados por militantes ligados à Al Qaeda em território sírio.
Forças israelenses ocuparam posições em Quneitra, passagem fronteiriça fortificada entre a Síria e Golã nem 400 metros distante dos combatentes da Frente Al-Nusra, que atacaram uma base da ONU do lado sírio da divisa na quarta-feira e raptaram os 43 fijianos.
Cerca de 80 soldados da ONU das Filipinas, todos da Força Observadora de Desengajamento da ONU (Undof, na sigla em inglês), unidade que monitora a zona neutra entre Israel e a Síria desde a guerra árabe-israelense de 1973, continuam em dois acampamentos do lado sírio da fronteira, afirmaram autoridades militares filipinas.
Funcionários da Undof, que tem cerca de 1.200 soldados pacificadores de seis países operando na zona, recusaram-se a comentar o assunto nesta sexta-feira.
Soldados israelenses, incluindo alguns convocados de Gaza, proibiam que qualquer um chegasse muito perto da fronteira.
"Não estamos fazendo nada, só observando", disse um deles, membro de um pelotão protegido atrás de uma pilha de rochas a algumas centenas de metros da divisa.
De um posto de vigilância do lado israelense, com vista para o sudeste sírio, era possível ver os rebeldes da Frente Al-Nusra se movimentando em motos e caminhonetes, enquanto mais ao longe o Exército sírio combatia as forças de oposição.
Foi a terceira vez em dois anos em que tropas da Undof foram raptadas na parte síria da zona de demarcação, um indicador da instabilidade desde o início da rebelião contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad. Até então a Undof era um dos postos de unidades pacificadoras da ONU mais tranquilos em todo o mundo.
Nos dois casos anteriores, os reféns foram libertados dias depois, afirmaram autoridades da ONU, mas a situação parece mais precária desta vez. Um militante próximo da Frente Al-Nusra disse que os fijianos foram levados porque vinham oferecendo tratamento médico a soldados feridos do Exército de
Assad.
Em Manila, uma autoridade de alto escalão disse que os soldados filipinos do lado sírio estão bem armados, bem treinados e não pretendem se render aos rebeldes.
O Ministério das Relações Exteriores das Filipinas pediu à ONU que "empreenda todos os esforços para garantir a segurança e a proteção de todos os soldados pacificadores da Undof", que conta com médicos indianos, nepaleses, irlandeses e holandeses, assim como fijianos e filipinos.
(Reportagem adicional de Rosemarie Francisco em Manila and Mariam Karouny em Beirute)