Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - O líder opositor russo Alexei Navalny recebeu alta de um hospital de Moscou nesta segunda-feira e voltou à prisão escoltado depois de ser tratado para o que sua advogada e sua médica descreveram como um possível envenenamento por agente químico.
Navalny, de 43 anos, foi levado da prisão a um hospital às pressas no domingo com o que sua porta-voz disse serem sinais de uma alergia aguda, com "inchaço intenso no rosto e vermelhidão na pele".
O hospital de Moscou que o tratou disse nesta segunda-feira que o liberou assim que seu estado melhorou e que não pode revelar o que acredita ter estado por trás de sua doença súbita para proteger a privacidade do paciente.
Elena Sibikina, uma das médicas que trataram de Navalny, disse aos repórteres que a ideia de que ele foi envenenado com uma substância química "não foi provada" e que ele não corre risco de morte.
A advogada e a própria médica de Navalny disseram ter se oposto à decisão "estranha" de devolver seu cliente justamente à cela onde acreditam que ele foi intoxicado de alguma maneira.
"Ele realmente foi envenenado por alguma substância química desconhecida", disse a advogada Olga Mikhailova aos repórteres. "Mas não se estabeleceu qual foi a substância".
A hospitalização repentina de Navalny revoltou apoiadores, que suspeitam que ele pode ter sido visado em meio a uma das maiores operações repressivas dos últimos anos contra a oposição.
Crítico feroz do Kremlin e ativista anticorrupção, ele cumpre uma pena de 30 dias por violar leis antiprotesto rígidas depois de exortar as pessoas a participarem de uma manifestação em Moscou no sábado – que terminou com a polícia detendo mais de mil pessoas devido ao que disse ter sido um evento ilegal.
Seus aliados dizem que ele corre o risco de ter mais uma crise se vestígios da substância que temem tê-lo envenenado ainda estiverem presentes em sua cela.
Olga disse que apresentará uma apelação para tentar reduzir a pena de Navalny devido aos seus problemas de saúde.
Sua médica pessoal, Anastasia Vasilyeva, disse que colheu amostras de seu cabelo e uma camiseta para que sejam examinados em um laboratório independente para se saber se ele foi contaminado, e que também quer que imagens das câmeras de sua cela sejam verificadas.
(Reportagem adicional de Dmitry Turlyun, Anton Kolodyazhnyy e Maria Kiselyova)