Opositores ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, elogiaram o endurecimento do posicionamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com relação às eleições no país. O petista disse ser “grave” o impedimento à candidatura de Corina Yoris ao pleito presidencial, que deve ser realizado ainda em 2024.
Segundo o ex-vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela Angel Medina, Lula precisará se unir a outros chefes do Executivo na América Latina para surtir efeitos reais nas eleições. “Os presidentes da região precisam agir em conjunto para permitir que a Venezuela tenha uma eleição minimamente competitiva”, afirmou ao jornal O Globo.
“Atores como Lula e [Gustavo] Petro [presidente da Colômbia], presidentes de esquerda, provocam pressão em Maduro. Agora, tenho minhas dúvidas se ele vai ceder. Acredito que precisa haver uma ação de toda a região. Não apenas Lula, mas Lula com López Obrador [presidente do México], Gabriel Boric [presidente do Chile], com o presidente da Argentina [Javier Milei]“, afirmou.
Medina, o qual teve o mandato cassado por aliados de Maduro, afirma que espera ver Lula ir além das palavras.
“Esperamos que Lula, assim como os demais presidentes, não fiquem apenas nas declarações, mas que contribuam com mecanismos diplomáticos para que a Venezuela possa realizar suas eleições”, disse.
Já Alfonso Marquinha, líder do partido de oposição Primero Justicia, disse que não é mais o momento de “crítica”, mas de “celebração” ao fato de Lula começar a repudiar decisões do governo de Maduro.
“Lula e outros presidentes de esquerda vinham mantendo uma postura de apoio e solidariedade com Nicolas Maduro, que não corresponde com sua atuação. Mas não é momento de crítica e sim de celebração que Lula, neste momento, esteja fazendo uma retificação sobre a conduta de Maduro e as instituições na Venezuela”, declarou Marquinha.
A PROIBIÇÃO
Na 5ª feira (28.mar.2024), Lula classificou como “grave” a decisão de vetar Yoris, candidata de oposição a Maduro, das eleições no país.
“Eu fiquei surpreso com a decisão. Primeiro, a decisão boa da candidata proibida de ser candidata pela Justiça de indicar uma sucessora, achei um passo importante. Agora, é grave que a candidata não possa ter sido registrada”, afirmou Lula, que também elogiou o fato de a 1ª candidata de oposição ter indicado outro nome para sucedê-la.
Yoris não conseguiu acessar a plataforma fornecida pelo governo venezuelano para registrar sua chapa. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, o impedimento configura uma violação ao acordo de Barbados, em que a Venezuela assegurou a realização de eleições livres em troca do fim das sanções ao petróleo local.
Na 3ª feira (26.mar), a principal coalizão de oposição da Venezuela, a PUD (Plataforma Unitária Democrática), conseguiu registrar Edmundo González como candidato provisório.
Antes de Corina Yoris, a ex-deputada María Corina Machado também havia tido seu registro de candidatura negado. Ela venceu a disputa interna da oposição. Machado foi quem indicou Yoris como sua substituta.