CARACAS (Reuters) - Parlamentares da oposição venezuelana se reuniram desde a madrugada desta quarta-feira, alguns ainda com ferimentos de protestos, para pedir a demissão de juízes do Tribunal Supremo de Justiça a quem acusam de apoiar uma ditadura.
Novos líderes militantes de oposição também anunciaram uma nova rodada de manifestações contra o presidente socialista Nicolás Maduro para quinta-feira, apesar do caos e da violência em Caracas na terça-feira que deixou 18 pessoas presas e 20 feridos.
A oposição, que ganhou o controle da Assembleia Nacional no final de 2015, acusa Maduro de destruir a economia da nação- membro da Opep e esmagar a democracia.
O drama político está acontecendo no contexto de uma profunda crise econômica, com venezuelanos enfrentando o quarto ano de recessão, escassez generalizada de alimentos básicos e medicamentos, a pior inflação do mundo e longas filas em lojas.
Impedidos de chegar à Assembleia Nacional na terça-feira, os parlamentares se dirigiram ao edifício no centro de Caracas ao amanhecer desta quarta-feira, alguns com feridas na cabeça ou braços enfaixados após os confrontos dos últimos dias.
"Esses ferimentos não são nada", disse Juan Requesens, que recebeu mais de 50 pontos depois de ter sido atingido por uma pedra quando os defensores do governo confrontaram manifestantes no início desta semana.
"Continuaremos lutando pela mudança, opondo-nos à repressão e à ditadura, pela Venezuela e pelos venezuelanos. Exigimos eleições imediatas", acrescentou.
O grupo de direitos Fórum Penal disse que 18 pessoas ainda estão atrás das grades nesta quarta-feira depois de uma onda de detenções em todo o país, mas principalmente em Caracas. Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas na terça-feira, disse o presidente do Fórum Penal à Reuters, Alfredo Romero.
O chefe da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Anistia Internacional condenaram a Venezuela por uso de repressão excessiva.
(Por Corina Pons e Andrew Cawthorne)