Por Andrew Gray e John Irish
BRUXELAS (Reuters) - Os ministros das Relações Exteriores dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) comemoraram o 75º aniversário da aliança militar nesta quinta-feira com bandeiras, bolo e bandas marciais, enquanto seu secretário-geral lembrou os Estados Unidos sobre a necessidade de aliados, à medida que a guerra na Ucrânia entra em seu terceiro ano.
Os 32 membros da aliança concordaram na quarta-feira em começar a planejar um papel maior na coordenação da ajuda militar à Ucrânia para auxiliá-la a enfrentar a Rússia no maior conflito europeu desde a Segunda Guerra Mundial e mostrar sua unidade enquanto a Ucrânia aguarda um pacote no valor de cerca de 60 bilhões de dólares que continua bloqueado no Congresso dos EUA.
No segundo dia de uma reunião em Bruxelas, os ministros marcaram a assinatura em Washington, em 4 de abril de 1949, do Tratado do Atlântico Norte que estabeleceu a aliança política e militar transatlântica.
"A Europa precisa da América do Norte para sua segurança", disse Stoltenberg em uma cerimônia na sede da Otan em Bruxelas.
"Ao mesmo tempo, a América do Norte também precisa da Europa. Os aliados europeus fornecem Forças Armadas de classe mundial, vastas redes de inteligência e influência diplomática única, multiplicando o poder dos Estados Unidos."
Os líderes europeus, que constituem a maior parte dos membros da Otan, estão preocupados não apenas com o futuro da Otan caso o ex-presidente Donald Trump derrote Joe Biden na eleição presidencial de novembro, mas também com o contínuo bloqueio do pacote de ajuda à Ucrânia no Congresso, conforme os parlamentares republicanos exigem medidas de segurança nas fronteiras em troca da aprovação do projeto de lei.
A Otan começou com 12 membros da América do Norte e da Europa em sua origem, fundada em resposta aos receios crescentes de que a União Soviética representava uma ameaça militar às democracias europeias.
No cerne da aliança está o conceito de defesa coletiva, a ideia de que um ataque a um membro é considerado um ataque a todos, dando proteção militar dos EUA à Europa Ocidental.
Cerca de 75 anos depois, a Otan tem reassumido um papel central nos assuntos globais depois que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, levando os governos europeus a ver Moscou mais uma vez como uma grande ameaça à segurança.
Os dois mais novos membros da Otan, Finlândia e Suécia, aderiram à aliança em resposta direta à invasão da Ucrânia pela Rússia.
A Rússia disse na quarta-feira que a Otan havia retornado à mentalidade da Guerra Fria. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, disse aos repórteres que a Otan não tem lugar no "mundo multipolar" que Moscou diz que busca construir para acabar com o domínio dos EUA.
Os ministros da Otan concordaram na quarta-feira em começar a planejar um papel maior da aliança na coordenação da assistência de segurança e treinamento para a Ucrânia.
De acordo com uma proposta de Stoltenberg, a Otan assumiria o trabalho realizado pela coalizão liderada pelos EUA conhecida como grupo Ramstein, em parte para se proteger contra qualquer corte no apoio norte-americano se Donald Trump retornar à Casa Branca, disseram diplomatas.
Stoltenberg também propôs um fundo de 100 bilhões de euros para apoiar as Forças Armadas da Ucrânia ao longo de cinco anos, de acordo com diplomatas.