GENEBRA (Reuters) - A destruição do Hospital Al Shifa, em Gaza, exigirá mais retiradas médicas e, em última análise, causará mais mortes caso as transferências não ocorram rapidamente, disse o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira.
As forças israelenses, que deixaram o hospital na Cidade de Gaza na segunda-feira após uma operação de duas semanas, detiveram centenas de suspeitos de serem militantes palestinos e deixaram um rastro de destruição por onde passaram.
"As pessoas que precisam de retirada médica aumentarão, e a retirada médica já está lenta", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"Pessoas vão morrer porque não terão acesso aos serviços do Shifa ou devido à lentidão da retirada, porque não podem ser retiradas."
Israel disse ter matado centenas de combatentes do Hamas que haviam se instalado no local. O Hamas e a equipe médica negam a presença de combatentes.
"O processo de retirada tem que ser mais rápido", disse. "Caso contrário, perderemos muitas pessoas. Perderemos muitas vidas."
Richard Peeperkorn, representante da OMS para a Cisjordânia e Gaza, disse que a destruição do Hospital Al Shifa deixaria "milhares de pessoas sem assistência médica". Segundo ele, os pacientes teriam que ser transferidos, de alguma forma, para outras instalações de saúde no norte do enclave palestino devastado pela guerra, já em dificuldade para seguir funcionando.
"Temos que reconhecer que o atendimento médico é absolutamente insuficiente em Gaza", disse. "É um sistema de saúde de joelhos, como já dissemos tantas vezes... É insuficiente. Está incompleto."
Apenas 10 dos 36 hospitais de Gaza ainda são capazes de funcionar, mesmo que parcialmente, disse Tedros.
Ele afirmou que a OMS tenta visitar o local onde ficava o Al Shifa para conversar com a equipe e ver o que poderia ser salvo. Adiantou, no entanto, que a situação no local parece "desastrosa".
Maior hospital da Faixa de Gaza antes da guerra, com 750 leitos e muitas salas de cirurgia, o Al Shifa era uma das poucas instalações de saúde parcialmente operacionais no norte de Gaza antes do ataque.
(Reportagem de Gabrielle Tétrault-Farber)