Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Um painel da Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu na sexta-feira não declarar emergência internacional pelo surto de Ebola no Congo, apesar de ele ter se espalhado para Uganda esta semana, concluindo que uma declaração dessa natureza pode causar danos econômicos.
A epidemia no Congo é a segunda pior da história, com 2.108 casos de Ebola e 1.411 mortes desde agosto passado. Nesta semana, chegou a Uganda, onde três casos foram registrados, todos em pessoas que chegaram do Congo. Duas delas morreram.
Em um comunicado, o painel com 13 especialistas médicos independentes do Comitê de Emergência da OMS apelou a países vizinhos "sob risco" para que melhorem a prontidão para detectar e administrar casos de fora, como fez Uganda.
"Não é uma emergência global, é uma emergência na República Democrática do Congo, uma grave emergência que pode afetar países vizinhos", disse o médico Preben Aavitsland, presidente interino do painel, numa entrevista coletiva no quartel-general da agência da ONU em Genebra.
"A opinião do Comitê é que há pouco a ganhar em uma declaração de PHEIC (sigla, em inglês, para Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional) e potencialmente muito a perder".
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, falando pelo telefone de Kampala, disse: "A propagação de Ebola em Uganda é um novo desenvolvimento, mas a dinâmica fundamental do surto não mudou".
Autoridades de Uganda reuniram uma lista de 98 contatos, ou contatos de contatos, potencialmente expostos ao vírus do Ebola, dos quais 10 são considerados de "alto risco", disse Mike Ryan, diretor-executivo do programa de emergência da OMS.
A vacinação desses contatos e trabalhadores de saúde com uma vacina experimental da Merck deve começar neste sábado, disse.
Alguns grupos médicos pediram que o comitê declarasse emergência, o que poderia levar ao reforço de medidas de saúde pública, financiamento e recursos.
Apenas quatro emergências foram declaradas na última década, incluindo o pior surto de Ebola na África Ocidental entre 2014 e 2016. Os outros foram nos casos de Influenza, em 2009, pólio, em 2014, e vírus Zika, em 2016.
Ryan afirmou à Reuters, na sexta-feira, que não havia sinais de transmissão local de vírus Ebola em Uganda.