Por Krisztina Than e Pawel Florkiewicz
VARSÓVIA/BUDAPESTE (Reuters) - Os países da Europa Central se preparavam nesta quinta-feira para receber pessoas fugindo da invasão russa da Ucrânia, com a Polônia estabelecendo pontos de recepção em sua fronteira e a Hungria planejando enviar tropas para criar um corredor para refugiados.
Os países do flanco oriental da União Européia já foram todos parte do Pacto de Varsóvia, liderado por Moscou, e agora são membros da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Entre eles, Polônia, Hungria, Eslováquia e Romênia compartilham fronteiras terrestres com a Ucrânia.
No início da quinta-feira, a Rússia lançou uma invasão total da Ucrânia por terra, ar e mar, o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A invasão confirmou os piores temores do Ocidente e provocou receios de um enorme fluxo de refugiados fugindo da Ucrânia, uma nação de 44 milhões de pessoas.
A Polônia exigiu as "sanções mais ferozes possíveis" contra a Rússia e o ministro tcheco das Relações Exteriores chamou a invasão de "ato bárbaro de agressão".
No início da quinta-feira a Hungria, que forjou bons laços com a Rússia do presidente Vladimir Putin, não havia condenado explicitamente o ataque, mas seu ministro das Relações Exteriores disse que a guerra era "o pior cenário possível". Ele reiterou que a Hungria apoiava plenamente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.
"Nas próximas horas, serão criados pontos de recepção para refugiados da Ucrânia", disse o vice-ministro polonês de Assuntos Internos Pawel Szefernaker, segundo a agência de notícias PAP.
Oito desses pontos serão criados perto da fronteira na primeira etapa, para fornecer alimentação, assistência médica e informações para os refugiados em potencial, disse ele
A Hungria disse que enviará um número não especificado de tropas para a área de fronteira com a Ucrânia por razões de segurança e humanitárias, embora não tenha havido nenhum sinal de destacamento na manhã de quinta-feira.
Um porta-voz do governo polonês disse que as missões diplomáticas polonesas na Ucrânia permaneceriam abertas "o máximo de tempo possível", mas o Ministério das Relações Exteriores fez um apelo para que todos os cidadãos poloneses deixem a Ucrânia.
A Hungria também disse que sua embaixada em Kiev permanece aberta, mas a República Tcheca fechou sua missão diplomática, embora seu consulado na cidade ucraniana ocidental de Lviv tenha permanecido aberto.
VÔOS, SERVIÇOS FERROVIÁRIOS SUSPENSOS
A ferrovia eslovaca suspendeu os serviços para a Ucrânia, e a companhia aérea Wizz suspendeu temporariamente todos os vôos de e para a Ucrânia.
Um repórter da Reuters na principal passagem de fronteira da Hungria para a Ucrânia, Zahony, disse que a fronteira estava tranquila, com caminhões alinhados para entrar, como de costume, no frio nebuloso
A Hungria deve se preparar para receber dezenas de milhares de refugiados se necessário, disse o ministro da Defesa, Tibor Benko, no final da quarta-feira.
Budapeste também deve se preparar para a possibilidade de que os soldados engajados em combate possam "passar" a fronteira, como aconteceu durante as guerras da Iugoslávia dos anos 90, acrescentou ele, sem elaborar.
As fronteiras ocidentais da Ucrânia estavam relativamente calmas na manhã de quinta-feira, mas as autoridades e testemunhas disseram que o tráfego aumentou ligeiramente.
"Podemos ver um tráfego moderadamente maior nos postos de fronteira com a Ucrânia, presumimos que ele crescerá durante o dia", disse um funcionário do Ministério do Interior eslovaco.
"A Eslováquia está pronta para ajudar, poderíamos permitir a entrada de pessoas que não têm todos os documentos necessários."
O embaixador da Ucrânia em Praga, Perebyjnis Jevhen, disse em uma coletiva de imprensa: "Eu não posso excluir algumas ondas de pessoas. Mas será mais para a parte ocidental da Ucrânia do que para o exterior".
Há cerca de 260.000 ucranianos vivendo na República Tcheca, e dezenas de milhares trabalhando na Hungria, que tem uma grande minoria étnica de cerca de 140.000 vivendo na Ucrânia logo após a fronteira.
O presidente búlgaro Rumen Radev disse que seu país estava se preparando para retirar por terra mais de 4.000 búlgaros étnicos da Ucrânia e que estava pronto para receber outros refugiados ucranianos.
O primeiro-ministro búlgaro, Kiril Petkov, disse que o país balcânico prepararia hotéis e outras bases turísticas para recebê-los. A Bulgária não tem fronteira terrestre com a Ucrânia, mas é um estado litoral do Mar Negro, assim como a Ucrânia e a Rússia.