Por Nidal al-Mughrabi e Lin Noueihed
GAZA/CAIRO (Reuters) - Israel e os palestinos concordaram nesta quarta-feira em prorrogar por cinco dias a trégua na Faixa de Gaza minutos antes do fim de um cessar-fogo acordado anteriormente, informou uma autoridade palestina no Cairo, onde ocorrem as negociações.
Mas o acordo já nasceu instável. Israel, que não comentou o assunto, bombardeou vários pontos de Gaza no começo da quinta-feira (no horário local) minutos depois da prorrogação prevista da trégua em resposta aos disparos de foguetes palestinos que violaram a trégua mais cedo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou que as forças de seu país "reagissem" a dois disparos de militantes de Gaza contra Israel nesta quarta-feira. Os foguetes não causaram danos nem mortes, e um foi abatido pelo Domo de Ferro, o sistema de interceptação israelense.
Não houve relatos de mortes provocadas pelos ataques aéreos de Israel, que alvejaram pelo menos três localidades no norte de Gaza, afirmaram testemunhas e o Hamas, que negou envolvimento no lançamento dos foguetes.
Os militares israelenses declararam estarem "mirando locais do terror na Faixa de Gaza".
Como as negociações sobre o cessar-fogo se arrastavam nesta quarta-feira, Israel mobilizou forças perto de Gaza e convocou reservistas adicionais, relatou a mídia do país. Os militares disseram que suas forças foram "movimentadas de maneira rotineira" e não quiseram entrar em detalhes.
Ao anunciar a prorrogação da trégua, Azzam Al-Ahmed, o principal negociador palestino no Egito e membro da facção Fatah, do presidente palestino, Mahmoud Abbas, afirmou na noite desta quarta-feira que "foi acordado ampliar o cessar-fogo por cinco dias".
Abu Mujahed, porta-voz dos Comitês de Resistência Popular, principal grupo militante de Gaza, disse à Reuters que as facções palestinas "aceitaram" a proposta.
Uma autoridade palestina, falado sob condição de anonimato, disse que o Egito apresentou uma nova proposta para uma trégua permanente que aborda uma das maiores exigências palestinas, a suspensão dos bloqueios israelense e egípcio à Faixa de Gaza.
Não ficou claro se essa exigência, assim como a demanda de Israel pela desmilitarização de Gaza, serão tratadas. O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, declarou que o desarmamento está fora de cogitação.
Fontes egípcias e palestinas relataram que Israel concordou relutantemente em permitir a entrada de alguns suprimentos na Faixa de Gaza e aliviar as restrições ao movimento de pessoas e bens na fronteira mediante certas condições, sem dar mais detalhes.
(Reportagem adicional de Allyn Fisher-Ilan e Dan Williams, em Jerusalém; e de Stephen Kalin e Asma Alsharif, no Cairo)