Por Marc Frank e Nelson Acosta
HAVANA (Reuters) - Pelo segundo ano consecutivo, Cuba, governada por comunistas, cancelou sua emblemática parada de Primeiro de Maio pela Praça da Revolução de Havana neste sábado, enquanto luta contra casos de Covid-19 e escassez de bens de consumo básicos.
Ao redor da ilha, pequenos grupos se reuniram em praças abandonadas que geralmente são preenchidas por multidões de cidadãos com cartazes para marcar o Dia Internacional do Trabalhador, o feriado mais importante do país, depois de 1º de janeiro.
“Parabéns, trabalhadores! É monumental o que tem sido feito para sobreviver à pandemia, sob um embargo reforçado, e ainda seguir em frente”, disse o presidente Miguel Díaz-Canel, que também é o primeiro secretário do Partido Comunista, pelo Twitter.
A economia de Cuba recuou 11% ano passado, sob o peso da pandemia de coronavírus, rígidas sanções dos EUA e seu sistema ao estilo soviético.
O país registrou mais casos e mortes por Covid-19 este ano do que em todo 2020, embora a taxa de mortalidade continue entre as melhores do mundo, e duas vacinas locais estejam em fases finais de testes.
Ulises Guilarte de Nascimiento, chefe da única e oficial federação de sindicatos, afirmou na televisão estatal na sexta-feira que os trabalhadores enfrentam demissões e inflação e alguns sofrem para “atender necessidades básicas”. Ele culpou as sanções norte-americanas e disse que trabalho duro e uma eficiência maior levariam a dias melhores.
A imprensa estatal pediu que cidadãos transformassem suas casas em praças e compartilhassem comemorações nas redes sociais.
Pequenos grupos de trabalhadores se reuniram em alguns locais de trabalho. Pessoas penduraram bandeiras em varandas e tocaram o hino nacional.
“É um dia especial, um dia triste, porque perdemos trabalhadores valiosos durante a pandemia”, disse Enrique Tondique Domínguez, morador de Havana, neste sábado, em uma pequena reunião diante do ministério de Minas e Energia. “É um dia feliz porque é o Primeiro de Maio, mas também um dia triste porque muitos trabalhadores não estão mais conosco."