CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Teorias científicas como o "Big Bang", a grande explosão que se acredita ter dado origem ao universo 13,7 bilhões de anos atrás, e a ideia de que a vida se desenvolveu através de um processo evolutivo não entram em conflito com o ensinamento católico, disse o papa Francisco nesta terça-feira.
Discursando em um encontro da Pontifícia Academia de Ciências, um organismo independente sediado no Vaticano e financiado em grande parte pela Santa Sé, Francisco afirmou que as explicações científicas para o mundo não excluem o papel de Deus na criação.
"O início do mundo não é trabalho do caos, que deve sua origem a outra coisa, mas deriva diretamente de um princípio supremo que cria a partir do amor", declarou.
"O 'Big Bang', que hoje é considerado a origem do mundo, não contradiz a intervenção criativa de Deus, pelo contrário, a requer", argumentou.
"A evolução na natureza não contrasta com a noção de criação (divina), porque a evolução requer a criação de seres que evoluem", disse o pontífice.
No passado, a Igreja se opôs às primeiras explicações científicas do universo, que contradiziam o relato da criação na Bíblia, condenando o astrônomo Galileu Galilei, do século 17, que mostrou que a Terra gira em torno do sol.
Entretanto, ultimamente a Igreja tem buscado descartar sua imagem de inimiga da ciência, e os comentários do papa ecoaram declarações de seus antecessores.
O papa Pio 12 descreveu a evolução como uma abordagem científica válida do desenvolvimento dos humanos nos anos 1950, e João Paulo 2º reiterou essa posição em 1996.
Em 2011, o papa Bento 16 disse que as teorias científicas da origem e do desenvolvimento do universo e dos humanos, embora não entrem em conflito com a fé, deixam muitas perguntas sem respostas.
(Reportagem de Antonio Denti)