Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco se encontrou em particular nesta segunda-feira com o arcebispo Georg Ganswein, o ex-assessor mais próximo do papa Bento 16 que abalou o Vaticano com um livro que descreve o que ele diz serem as tensões à medida que dois pontífices viviam dentro de suas antigas muralhas.
O boletim diário do Vaticano listou Ganswein na agenda de audiências do papa, mas, como de costume, não deu detalhes.
Horas após Bento 16 ser enterrado na quinta-feira, uma editora italiana enviou a alguns meios de comunicação, incluindo à Reuters, cópias antecipadas do livro de 330 páginas de Ganswein, "Nothing But The Truth - My Life Beside Benedict 16" (Nada além da verdade - Minha vida ao lado de Bento 16, em uma tradução livre).
Ganswein, de 66 anos, foi secretário pessoal de Bento 16 desde 2003, quando Bento ainda era o cardeal Joseph Ratzinger, e permaneceu ao seu lado por quase 20 anos até sua morte em 31 de dezembro. Ele também foi assessor de Francisco até que os dois se desentenderam.
A principal questão que Francisco enfrenta agora é que posição dar a Ganswein. Muitos estão esperando para ver se ele conseguirá outro emprego no Vaticano ou será designado para outro lugar no mundo.
A decisão é importante porque agora, com Bento 16 morto, Ganswein pode ser convocado pelos conservadores para ocupar seu lugar como um ponto de encontro àqueles insatisfeitos com as reformas introduzidas por Francisco, incluindo a repressão à antiga missa em latim.
No livro, que estará nas livrarias em 12 de janeiro, Ganswein dá uma visão privilegiada da eleição de Bento 16 em 2005, sua decisão de 2013 de se tornar o primeiro papa em 600 anos a renunciar, seus anos pós-papado, sua doença e sua horas finais.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, não fez comentários sobre o livro, escrito com o jornalista italiano Saverio Gaeta e publicado pela Piemme, uma editora da Mondadori.
O Vaticano nunca diz o que é discutido em audiências privadas, a menos que sejam com um chefe de Estado. Ganswein não pôde ser imediatamente contactado para comentar.
(Reportagem de Philip Pullella)