Por Philip Pullella e Catarina Demony
LISBOA (Reuters) - O Papa Francisco encerrou a Jornada Mundial da Juventude católica neste domingo com uma grande missa ao ar livre e dizendo que tem um sonho de paz mundial, especialmente para a Ucrânia.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas assistiram à missa de encerramento em um parque à beira-rio na capital portuguesa, informou o Vaticano, citando autoridades locais. Muitos dos fiéis dormiram ao ar livre, após assistirem a uma vigília no sábado à noite, e se reuniram em um calor sufocante.
Falando após a missa, Francisco, de 86 anos, exortou os jovens a levarem para casa as experiências fraternas da celebração de seis dias e aplicá-las em suas vidas diárias.
"Queridos amigos, permitam-me, este velho, compartilhar com vocês, jovens, um sonho que trago dentro de mim: é o sonho da paz, o sonho dos jovens rezando pela paz, vivendo em paz e construindo um futuro de paz", disse Francisco.
"Ao voltar para casa, continue a rezar pela paz. Além disso, vocês são o sinal de paz para o mundo, mostrando como diferentes nacionalidades, línguas e histórias podem se unir em vez de se dividir. Vocês são a esperança de um mundo diferente".
O papa pediu aos presentes que pensassem nos jovens que não puderam comparecer ao evento por causa dos muitos conflitos armados e guerras no mundo, acrescentando: "Pensando neste continente, sinto uma grande dor pela amada Ucrânia, que continua sofrendo muito".
Francisco, que volta à Roma na noite deste domingo após um evento de agradecimento aos voluntários da jornada, se encontrou com uma delegação de 15 jovens da Ucrânia durante a viagem.
O papa anunciou que a próxima Jornada Mundial da Juventude será realizada em Seul, na Coreia do Sul, em 2027.
Um dos temas recorrentes da visita do papa foi as redes sociais e seus efeitos potencialmente negativos sobre os jovens.
Durante a semana, Francisco pediu que os jovens tenham cuidado com a falsa felicidade que espreita no mundo virtual e, em outro evento, os próprios jovens refletiram sobre as suas angústias, a escravidão da "tirania" das redes sociais e o desejo de salvar o planeta.
A viagem ocorreu após a publicação de um relatório feito há seis meses por uma comissão portuguesa, segundo o qual pelo menos 4.815 menores foram abusados sexualmente por clérigos -- a maioria padres -- ao longo de sete décadas no país.
Foi apenas um em uma série de relatórios em todo o mundo que expuseram o abuso sexual clerical e abalaram a Igreja Católica nos últimos anos.
Francisco disse na quarta-feira que a Igreja precisa de uma "purificação humilde e contínua" para lidar com os "gritos angustiados" das vítimas de abuso sexual clerical e se reuniu em particular com 13 vítimas.
(Reportagem de Philip Pullella)