Por Philip Pullella e Alvise Armellini
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco, em seus comentários mais fortes desde o início do conflito em Gaza, pediu nesta quarta-feira a libertação de todos os reféns feitos por militantes do Hamas e disse que Israel tem o direito de se defender.
Falando com uma voz sombria no final de sua audiência geral semanal para milhares de pessoas na Praça de São Pedro, ele também expressou grande preocupação com o cerco imposto por Israel a Gaza.
"Continuo acompanhando, com dor e apreensão, o que está acontecendo em Israel e na Palestina. Tantas pessoas mortas e outras feridas. Oro pelas famílias que viram um dia de festa se transformar em um dia de luto, e peço que os reféns sejam imediatamente libertados", disse.
"É direito daqueles que são atacados se defenderem, mas estou muito preocupado com o cerco total em que os palestinos vivem em Gaza, onde também houve muitas vítimas inocentes."
No sábado, homens armados do Hamas, vindos da Faixa de Gaza, atacaram partes do sul de Israel, no ataque militante palestino mais mortal da história de Israel.
Os militares israelenses disseram que o número de mortos em Israel havia chegado a 1.200 nesta quarta-feira e que mais de 2.700 pessoas ficaram feridas.
A menção do papa ao direito de autodefesa de Israel ocorreu após pressão diplomática de Israel para que ele fizesse tal declaração, depois de comentários anteriores do papa e de autoridades do Vaticano que Israel considerou muito tímidos.
O embaixador de Israel no Vaticano, Raphael Schutz, disse à Reuters durante uma conferência em Roma na segunda-feira: "Entendo que o Vaticano quer a paz. Todos nós queremos a paz. Mas eu gostaria de ouvir palavras mais fortes sobre o direito de Israel de se defender".
Em seus comentários nesta quarta-feira, o papa afirmou que "o terrorismo e o extremismo não ajudam a chegar a uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos, mas alimentam o ódio, a violência, a vingança e causam sofrimento para ambos os lados".
O Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 1.055 pessoas foram mortas e 5.184 ficaram feridas no enclave costeiro lotado.
"O Oriente Médio não precisa de guerra, mas de paz, uma paz construída com base na justiça, no diálogo e na coragem de ser fraterno", disse Francisco.