Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - Os Arquivos Secretos do Vaticano, que contêm milhões de documentos em 12 séculos, não são mais oficialmente "secretos".
O papa Francisco renomeou os inestimáveis arquivos, que incluem cartas sobre os pedidos do rei Henrique 8º de se divorciar de Catarina de Aragão e de se casar com Ana Bolena, o que levou à separação da igreja inglesa em 1534 da Igreja Católica em Roma.
Eles também mantêm os atos originais do julgamento de 1633 do astrônomo Galileu pela Inquisição Romana, que o condenou por heresia por ensinar que a Terra gira em torno do sol.
O Vaticano disse na segunda-feira que o novo nome será Arquivo Apostólico do Vaticano.
Isso remove todas as "nuances potencialmente negativas" da palavra latina "secretum" que o papa disse em um decreto mais próximas de "privado" ou "reservado" do que "secreto" quando os arquivos receberam seu nome por volta de 1610.
Os arquivos há muito não são um segredo: como a maioria dos arquivos estatais, eles estão abertos a pesquisadores qualificados após um período de tempo.
A coleção de papéis, documentos e pergaminhos que datam dos anos 700 tornam os arquivos um dos centros de pesquisa mais importantes do mundo.
Eles contêm 85 quilômetros de prateleiras e um cofre subterrâneo conhecido como "The Bunker", cuja versão foi recriada na versão cinematográfica do romance de Dan Brown "Anjos e Demônios".
Os arquivos estão abertos até o período do pontificado do papa Pio 11, que termina em 1939. Os do pontificado de Pio 12 (1939-1958) deverão ser abertos aos estudiosos em março próximo, o que é aguardado com grande expectativa pela comunidade judaica.
Muitos judeus dizem que Pio 12 não fez o suficiente para ajudar aqueles que enfrentam perseguição pela Alemanha nazista.
O Vaticano sustenta que Pio 12 escolheu trabalhar nos bastidores, preocupado com o fato de a intervenção pública piorar a situação de judeus e católicos em uma Europa em tempos de guerra dominada por Hitler.
Quando Francisco anunciou a data de abertura dos arquivos de Pio 12 em março passado, ele disse que o legado dele havia sido tratado com "algum preconceito e exagero".