Por Philip Pullella
ROMA (Reuters) - O papa Francisco lavou e beijou os pés de 12 presos, incluindo dois muçulmanos e um budista, durante o ritual da Quinta-feira Santa e disse que a pena de morte deveria ser abolida por não ser cristã nem humanitária.
Pelo sexto ano consecutivo, o papa realizou o ritual em uma organização civil, e não nos esplendores do Vaticano ou de uma basílica Roma, como seus antecessores. Conservadores já o criticaram por incluir mulheres e não-cristãos no rito.
Ele visitou a prisão Regina Coeli (Rainha do Céu), localizada no centro da capital italiana, para realizar a cerimônia, que lembra o gesto de humildade de Jesus com seus 12 apóstolos na noite que antecedeu sua morte.
Os 12 presidiários eram da Itália, Filipinas, Marrocos, Moldávia, Colômbia e Serra Leoa. Oito era católicos, dois eram muçulmanos, um era cristão ortodoxo e um era budista.
Francisco entrelaçou o sermão de uma missa ao tema do serviço, dizendo que muitas guerras poderiam ter sido evitadas se mais líderes se considerassem servos do povo, ao invés de comandantes.
Ele falou da pena de morte pouco antes de deixar a prisão, um antigo convento católico do século 17 que foi transformado em um presídio em 1881.
"Uma punição que não esteja aberta à esperança não é cristã nem humanitária", disse ele em resposta à diretora da instituição.
"Toda punição tem que estar aberta ao horizonte da esperança, e por isso a pena de morte não é cristã nem humanitária."
Desde sua eleição, em 2013, Francisco pediu várias vezes uma proibição global à pena capital, provocando críticas de conservadores da Igreja, especialmente dos Estados Unido.
A Igreja Católica de 1,2 bilhão de fiéis permitiu a pena de morte em casos extremos durante séculos, mas a posição começou a mudar no papado de João Paulo 2o, falecido em 2005.
Francisco pediu que a nova postura da Igreja em relação à pena capital seja melhor refletida em sua catequese universal.
Na Sexta-Feira da Paixão o pontífice deve liderar uma procissão da Via Crucis no Coliseu de Roma. Na noite de sábado ele comanda a vigília da Páscoa e no domingo faz o discurso "Urbi et Orbi" (para a cidade e o mundo), que repete duas vezes ao ano.