SÃO PAULO (Reuters) - O protesto de caminhoneiros autônomos iniciado na segunda-feira pela redução no custo do diesel está causando problemas de produção nas principais montadoras de veículos do país, afirmaram as empresas nesta terça-feira.
General Motors (N:GM) e Ford (N:F) reportaram paralisação de atividades, enquanto a Fiat (MI:FCHA) identificou problemas na entrega de peças. As montadoras de veículos trabalham em sistema conhecido como "just in time", em que o volume de componentes estocados é reduzido para otimização de custos.
Segundo a GM, que lidera o ranking de vendas de automóveis e comerciais leves no país, a paralisação dos caminhoneiros "está impactando o fluxo logístico em suas fábricas no Brasil, com reflexo nas exportações".
Segundo a companhia norte-americana, "há falta de componentes e as linhas de produção começam a ser paralisadas e também estamos enfrentando dificuldades na distribuição de veículos à rede de concessionárias". A companhia voltou há apenas três semanas a produzir após uma remodelação em suas principais unidades produtivas no país.
Na segunda-feira, o presidente da associação que representa as montadoras de veículos no Brasil, Anfavea, Antonio Megale, já tinha alertado que os protestos dos caminhoneiros poderiam impactar o registro de licenciamentos de maio por causa de possíveis atrasos na envio de modelos das fábricas às concessionárias.
Procurada, a Ford citou que paralisação de produção em sua fábrica de carros em Camaçari (BA) e na unidade de produção de motores e transmissões em Taubaté (SP). "A Ford confirma que a produção das fábricas de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP) foi impactada devido à paralisação nacional dos caminhoneiros", afirmou a montadora norte-americana em breve comunicado.
Em Betim (MG), a principal fábrica do grupo FCA no país, que produz modelos da marca Fiat, começou a ter problemas logísticos na tarde desta terça-feira, informou a empresa.
A fábrica mineira tem capacidade para produzir cerca de 800 mil veículos por ano e começou a ter problemas depois que os caminhoneiros intensificaram bloqueios rodoviários entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais, afirmou a companhia.
"Isso reteve alguns caminhões de componentes. Estamos preocupados porque o fluxo logístico não está normal... Estamos analisando o movimento e vamos avaliar a situação na quarta-feira para tomarmos uma decisão", afirmou um representante da companhia, ressaltando que a fábrica não suspendeu atividades e que a unidade da empresa em Pernambuco continua em operação.
(Por Alberto Alerigi Jr.)