Por Gabriela Baczynska
(Reuters) - Os ucranianos não têm como recuar e defenderão sua terra natal dos invasores russos, disse o prefeito de Kiev e ex-campeão mundial dos pesos pesados Vitali Klitschko à Reuters nesta quinta-feira.
Ao lado do irmão Wladimir, também uma estrela do boxe na categoria pesos pesados, Klitschko falou da capital, via Skype, no dia em que a invasão à Ucrânia entrou em sua segunda semana. Moscou tem bombardeado várias cidades ucranianas e sua principal força de ataque permanecia parada ao norte de Kiev.
"Milhares, já dezenas de milhares, foram mortos nesta guerra contra a Ucrânia. E esse número infelizmente apenas crescerá", disse Klitschko, falando de um abrigo no qual trabalha em Kiev.
"Não vamos nos render. Não temos para onde bater em retirada."
Ele disse que cerca de metade da população de 3 milhões de pessoas da cidade fugiu. Autoridades também evacuaram muitos órfãos para Polônia e Alemanha, disse.
"A situação é tensa, as pessoas estão preocupadas", disse, acrescentando que projéteis estavam constantemente "atingindo prédios residenciais ou importantes infraestruturas".
"A cidade precisa de paz e céus pacíficos… moradores de Kiev estão em seus porões há uma semana, ininterruptamente, agora por causa dos alarmes aéreos que apitam o tempo inteiro."
Klitschko disse que a Rússia tentava cercar Kiev também e pediu que os russos desafiem o presidente Vladimir Putin.
"Vocês são um instrumento nas mãos de um homem com uma única ambição -- ressuscitar a União Soviética… Pela ambição de um homem, estamos pagando um alto preço."
EUA, UCRANIANOS
Putin disse que a sua "operação militar especial" tinha a intenção de proteger russos perseguidos na Ucrânia, uma ex-república soviética que agora quer se juntar à Otan e à União Europeia.
Os irmãos boxeadores, cuja mãe é etnicamente russa, disse que a Ucrânia sempre foi uma casa para os ucranianos, russos, judeus, outras religiões e etnicidades.
"Não faz sentido. Não há motivo para atacar a Ucrânia", disse Wladimir, dizendo que imagens de danos de bombas em Kharkiv estão tendo um peso forte na mente das pessoas.
"É uma loucura completa… O que está acontecendo é terror. Está acontecendo em 2022. É algo que a nossa mente não compreende."
(Reportagem de Gabriela Baczynska)