Por Vivian Sequera
CARACAS (Reuters) - O parlamentar venezuelano da oposição Gilber Caro, cujo paradeiro era desconhecido desde dezembro, está sob custódia do Estado e está em boas condições, disse o advogado dele nesta terça-feira.
Uma unidade policial especial levou Caro sob custódia em 20 de dezembro, em uma operação que líderes da oposição descreveram como ilegal porque ele está protegido pela imunidade parlamentar. Caro foi indiciado por acusações que incluem terrorismo, sem a presença de um representante legal, de acordo com seu advogado Theresly Malave.
A prisão de Caro ocorreu no âmbito de uma série de medidas judiciais por parte do governo do presidente Nicolás Maduro contra parlamentares da oposição, enquanto a campanha do líder da oposição, Juan Guaidó, para derrubar Maduro mostra sinais de estagnação.
"Ele está bem, mas não deveria estar lá", disse Malave, que na segunda-feira conseguiu passar 45 minutos com Caro, junto com uma de suas irmãs. Em entrevista por telefone, Malave disse que não poderia divulgar a localização específica de Caro.
O Ministério da Informação da Venezuela e a promotoria estadual não responderam a pedidos de comentários sobre Caro, um dos principais membros do partido de oposição Vontade Popular, de Guaidó.
Antes de sua prisão em dezembro, Caro já havia passado um ano e meio na prisão após ser detido sem julgamento em janeiro de 2017 durante protestos contra o governo sob acusações de traição e roubo de material militar. Seu advogado na época disse que Caro era inocente e que as autoridades haviam plantado armas entre pertences dele.
Em entrevista à Reuters após sua soltura em junho de 2018, Caro disse que as autoridades prisionais o privaram de comida e água, fazendo com que ele perdesse um quinto do seu peso corporal, e o deixaram em confinamento solitário por até quatro meses
Caro foi detido novamente no ano passado em abril e libertado em junho, embora o governo não tenha comentado as acusações contra ele.
Cerca de 30 parlamentares continuam detidos, exilados ou refugiados em embaixadas em Caracas, segundo Guaidó.
Em dezembro, o governo de Maduro aprovou um julgamento de quatro parlamentares da oposição acusados de cometerem crimes, incluindo traição e conspiração.
Em janeiro do ano passado, Guaidó invocou a Constituição da Venezuela para reivindicar a Presidência, argumentando que a reeleição de Maduro em 2018 foi ilegítima. Ele foi rapidamente apoiado por dezenas de países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos.