Por Filipp Lebedev e Mark Trevelyan
(Reuters) - O parlamento da Rússia agiu rapidamente para cumprir o desejo do presidente Vladimir Putin, concluindo a aprovação de um projeto de lei que muda a posição legal de Moscou em relação aos testes nucleares em um momento de grande tensão com o Ocidente.
A câmara baixa, Duma, aprovou nesta quarta-feira a segunda e a terceira leituras de um projeto que revoga a ratificação do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBT, na sigla em inglês) pela Rússia. Ambas foram aprovadas por unanimidade por 415 votos a zero.
Putin pediu à Duma, em 5 de outubro, que fizesse a mudança para "espelhar" a posição dos Estados Unidos, que assinaram, mas nunca ratificaram o tratado de 1996.
A Rússia afirma que não retomará os testes nucleares a menos que Washington o faça, mas os especialistas em controle de armas estão preocupados que ela possa estar se aproximando de um teste que o Ocidente perceberia como uma escalada ameaçadora no contexto da guerra da Ucrânia.
A Ucrânia afirmou que a Rússia está intensificando a "chantagem nuclear".
Em uma declaração, seu Ministério das Relações Exteriores disse: "A Ucrânia condena as medidas da Rússia para retirar a ratificação do tratado e conclama a comunidade internacional a responder adequadamente às provocações de Moscou que visam prejudicar o objeto e o propósito do CTBT".
Desde que invadiu a Ucrânia no ano passado, Putin tem repetidamente lembrado o Ocidente do poderio nuclear da Rússia. Nesta quarta-feira, a TV estatal mostrou imagens raras dele durante uma visita a Pequim, acompanhado por oficiais da Marinha que carregavam a chamada pasta nuclear, que pode ser usada para ordenar um ataque nuclear.
O presidente do parlamento russo, Vyacheslav Volodin, disse que a iniciativa sobre o tratado foi uma resposta justificada a "trapaça e cinismo" de Washington e ao fato de o país não ter ratificado o pacto há muito tempo.
"Entendemos nossa responsabilidade para com nossos cidadãos, estamos protegendo nosso país. O que está acontecendo no mundo hoje é culpa exclusiva dos Estados Unidos", afirmou ele.
A Rússia ratificou originalmente o CTBT em 2000. Embora esteja revogando essa medida, até agora disse que permanecerá como signatária do tratado e continuará fornecendo dados ao sistema de monitoramento global que alerta o mundo sobre qualquer teste nuclear.