Por Daria Sito-Sucic
SARAJEVO (Reuters) - Parlamentares da autônoma República Sérvia da Bósnia votaram nesta quarta-feira pelo fim da publicação dos decretos e leis de um superintendente internacional de paz no diário oficial, o que significa que eles não seriam mais reconhecidos como legislação oficial.
A medida desafia os acordos de paz de Dayton, em 1995, que encerraram a guerra no país dos Balcãs na década de 1990, sobre os quais um enviado internacional seria instalado para supervisionar a implementação da paz.
Os sérvios-bósnios dizem que não reconhecem o ex-ministro do governo alemão, Christian Schmidt, indicado em 2021, como o alto representante na Bósnia porque o Conselho de Segurança da ONU não endossou sua nomeação.
"Hoje, a Bósnia-Herzegovina não tem um Alto Representante. Esse aí (Schmidt) não é o Alto Representante e essa é a mensagem da República Sérvia", disse o primeiro-ministro da região, Radovan Visković, ao Parlamento. A República Sérvia é uma das entidades políticas que formam o país da Bósnia-Herzegovina.
Mais cedo nesta semana, Schmidt -- que tem o poder de demitir autoridades e impor leis -- alertou que os sérvios-bósnios sofrerão consequências não especificadas se quebrarem os termos do acordo de paz ao se recusarem a reconhecer seus atos.
Os acordos de paz de Dayton encerraram quase quatro anos de guerra, durante os quais cerca de 100 mil pessoas morreram, dividindo a Bósnia em duas regiões autônomas, a República Sérvia, dominada pelos sérvios, e a Federação, compartilhada entre bosníacos e croatas, ligados por um fraco governo central.