Por William James e Kylie MacLellan e Elizabeth Piper
LONDRES (Reuters) - Parlamentares britânicos rejeitaram pela terceira vez o acordo do Brexit proposto pela primeira-ministra Theresa May, tornando provável uma separação sem acordo, deixando a saída do Reino Unido no meio de uma turbulência no exato dia em que originalmente o país deveria se separar da União Europeia.
A decisão de rejeitar uma versão simplificada do acordo de May deixou totalmente incerto como, quando e até mesmo se o Reino Unido irá se retirar da UE, mergulhando a crise de três anos em um nível mais profundo de incerteza.
"Temo que estejamos chegando aos limites desse processo nesta Casa", disse May ao Parlamento após a derrota. “As implicações da decisão da Casa são graves.”
Minutos depois da votação, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que os líderes da UE vão se reunir em 10 de abril para discutir a saída do Reino Unido.
O Executivo da UE, a Comissão Europeia, disse que "um cenário sem acordo em 12 de abril é agora um cenário provável."
Vários líderes europeus disseram que agora há uma chance muito real de o Reino Unido deixar o bloco sem um acordo, um cenário que empresários temem poder causar caos na quinta maior economia do mundo.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse à Reuters que o presidente norte-americano, Donald Trump, é solidário a May e reiterou que os Estados Unidos têm interesse em assinar um acordo comercial com o Reino Unido depois que o país deixar a União Europeia.
May havia afirmado ao Parlamento que a votação era a última oportunidade de garantir que o Brexit acontecesse de forma ordeira.
Entretanto, em uma sessão parlamentar especial, os parlamentares rejeitaram por 344 contra 286 votos o Acordo de Retirada, firmado após dois anos de tortuosas negociações com o bloco.
“O padrão legal, agora, é que o Reino Unido deixe a União Europeia no dia 12 de abril”, disse May.
A premiê alertou que qualquer adiamento adicional do Brexit provavelmente será uma extensão longa além do prazo atual, e significará que o Reino Unido precisará realizar eleições para o Parlamento Europeu.
"Esse governo continuará pressionando por um Brexit ordenado, que o resultado do referendo demanda", disse May. Essa foi a terceira derrota da premiê.
O presidente da França, Emmanuel Macron, falando no momento em que o Parlamento votava, disse que a UE precisa acelerar os preparativos para um Brexit sem acordo, enquanto o chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, disse que, a não ser que o Reino Unido elabore um plano, haverá um Brexit “duro”.
Sem maioria no Parlamento para nenhuma das opções do Brexit até agora, não está claro o que May fará agora. As opções incluem pedir à UE um adiamento maior, eleições forçadas pelo Parlamento ou uma retirada sem acordo.
A derrota significa que o Reino Unido agora tem menos de duas semanas para convencer os 27 líderes da UE de que há um caminho alternativo para resolver o impasse ou se ver fora do bloco a partir dessa data sem um acordo sobre os laços com seus maiores aliados comerciais.
Qualquer futura extensão não só demandaria a participação do Reino Unido nas eleições do Parlamento Europeu em maio, mas também traria meses de incerteza.
(Reportagem adicional de Costas Pitas, Kate Holton, Tom Finn e Tommy Wilkes)