Por Nellie Peyton e Bhargav Acharya
JOHANESBURGO (Reuters) - O partido Congresso Nacional Africano (CNA) tem conversado com todos os grupos políticos interessados em contribuir para um novo governo, disse a porta-voz do partido nesta quarta-feira, após a legenda ter perdido sua maioria na eleição da semana passada.
O CNA, que ainda é o maior partido do país, mas não pode mais governar sozinho, disse que está determinado a unir a mais ampla gama de setores da sociedade ao abordar o que descreveu como a necessidade urgente de sair do atual impasse.
"Temos nos reunido com todos os partidos que estão interessados em contribuir com ideias sobre como podemos coletivamente levar nosso país adiante para formar um governo que garanta a unidade e a estabilidade nacional, continue a transformação da África do Sul e proteja nossa democracia constitucional", disse Mahlengi Bhengu-Motsiri em uma declaração no início de uma coletiva de imprensa.
O CNA governa a África do Sul desde que Nelson Mandela o levou ao poder na eleição de 1994, que marcou o fim do apartheid, mas os eleitores o puniram dessa vez por conta da pobreza persistente e do desemprego, da criminalidade desenfreada, da corrupção e dos frequentes cortes de energia.
Os eleitores, os políticos e os mercados financeiros estão ansiosos por sinais sobre qual partido ou partidos formarão o próximo governo.
Bhengu-Motsiri disse que o CNA havia se reunido com a Aliança Democrática (AD), que defende o livre mercado, com o marxista Combatentes da Liberdade Econômica e com o conservador Partido da Liberdade Inkatha, além de dois partidos menores.
Ela acrescentou que havia entrado em contato com o partido uMkhonto we Sizwe, liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, mas foi rejeitado.
"Nossa porta continua aberta", disse ela.
O MK ficou em terceiro lugar na eleição, depois do CNA e da AD, um desempenho surpreendentemente forte para um novo partido, mas Zuma é um inimigo implacável do líder do CNA, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa.
Zuma foi forçado a deixar o cargo de presidente em 2018 após uma série de escândalos de corrupção e, mais tarde, foi preso por desacato ao tribunal após se recusar a participar de um inquérito sobre corrupção. Ele continua popular em sua província natal, a populosa KwaZulu-Natal.