Por Wendell Roelf e Nellie Peyton
CIDADE DO CABO, África do Sul (Reuters) - O partido Congresso Nacional Africano (CNA) e seu maior rival, a Aliança Democrática (AD), concordaram nesta sexta-feira em trabalhar juntos em um novo governo de união nacional na África do Sul, uma reviravolta política após 30 anos de governo majoritário do CNA.
Antes impensável, o acordo entre os dois partidos fortemente antagônicos é a mudança política mais importante na África do Sul desde que Nelson Mandela levou o CNA à vitória nas eleições de 1994, que marcaram o fim do apartheid.
"Hoje, a África do Sul é um país melhor do que era ontem. Pela primeira vez desde 1994, embarcamos em uma transferência de poder pacífica e democrática para um novo governo que será diferente do anterior", disse o líder da AD, John Steenhuisen, em um discurso televisionado.
"A partir de hoje, a AD co-governará a República da África do Sul em um espírito de união e colaboração", disse ele, acrescentando que o governo multipartidário é o "novo normal".
O CNA perdeu sua maioria absoluta pela primeira vez na eleição de 29 de maio e passou duas semanas em intensas negociações nos bastidores com outros partidos, que chegaram ao fim neste sexta-feira, quando o novo Parlamento se reuniu.
A entrada da AD no governo é um grande momento para um país que ainda está processando o legado dos regimes racistas coloniais e do apartheid. O partido tem lutado para se livrar de sua imagem de defensor dos brancos ricos e convencer um amplo espectro de sul-africanos de que reflete suas aspirações.
Dois partidos menores, o conservador Partido da Liberdade Inkatha e a Aliança Patriótica, também participarão do governo, segundo eles.
"Hoje marca o início de uma nova era em que colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos para a melhoria de todos os sul-africanos", disse Sihle Zikalala, membro do corpo diretivo do CNA, em uma publicação no X.
Reunida em um centro de convenções da Cidade do Cabo porque sua sede permanente foi danificada por um incêndio em 2022, a recém-eleita Assembleia Nacional iniciou os trabalhos com o juramento dos parlamentares. A câmara deve então eleger seu presidente e vice-presidente e o presidente do país.
O presidente Cyril Ramaphosa, líder do CNA, deve conquistar um novo mandato com o apoio dos outros partidos no pacto do governo de união.
Uma fonte da AD disse que o partido receberá o cargo de vice-presidente da Assembleia Nacional como parte do acordo.