Por Holger Hansen
BERLIM (Reuters) - Os partidos alemães de uma coalizão de governo em potencial encontraram um meio-termo na questão polêmica do acolhimento de familiares de imigrantes nesta terça-feira, superando um grande obstáculo para as conversas sobre a formação de uma aliança, mas os dois lados logo apresentaram interpretações diferentes do tema.
Os conservadores da chanceler Angela Merkel e o Partido Social-Democrata (SPD) estão conversando para pôr fim a um impasse político de quatro meses e acertar um acordo dentro de uma semana para comandar juntos a maior economia da Europa.
A imigração, e em particular a questão das reuniões familiares, é um dos temas mais espinhosos.
Pelo acordo, uma suspensão das reunificações familiares adotada em 2016 para imigrantes com "proteção suplementar" será prorrogada até 31 de julho. Ela se aplica a pessoas que não são consideradas perseguidas pessoalmente, mas em cujo país natal a guerra, a tortura ou outras formas de tratamento desumano existem.
Os sírios, o maior grupo de postulantes a asilo na Alemanha, recebem cada vez mais proteção suplementar, só obtendo o direito de permanecer por um ano – mas esse prazo pode ser estendido.
A câmara baixa do Parlamento votará a respeito da prorrogação na quinta-feira, quando a suspensão deve expirar.
A partir de 1o de agosto, até mil familiares por mês terão permissão para se unir a pessoas que receberam permissão para ficar na Alemanha com menos do que o status pleno de refugiado. Esse acordo se alinha a um esboço acertado durante conversas exploratórias ocorridas no início deste mês.
Os conservadores, especialmente os aliados bávaros de Merkel, não queriam ceder a uma política mais generosa, mas o líder do SPD, Martin Schulz, louvou o pacto, dizendo que obteve uma concessão dos conservadores graças à qual mais de mil indivíduos por mês terão permissão para entrar no país em casos de dificuldades especiais.
Isso será uma adição ao esboço de acordo, que uma pequena maioria dos delegados do SPD aprovou na semana passada. Pressionados pelo resultado apertado, os líderes da sigla prometeram melhorar o documento.
Antecipando as tensões que devem emergir nos próximos dias, os conservadores minimizaram qualquer concessão adicional.
"Não há nenhuma nova regra para casos especiais, o que significaria um aumento da imigração", disse o conservador bávaro Alexander Dobrindt.
Entre as outras áreas difíceis a ser abordadas estão o emprego e a política de saúde, e os partidos ainda têm que negociar cargos nos ministérios.
(Reportagem adicional de Andreas Rinke)