GROZNY/MOSCOU (Reuters) - Atiradores atacaram um posto da polícia e invadiram um edifício nesta quinta-feira em Grozny, capital da província da Chechênia, no sul da Rússia, matando 10 policiais em confrontos nos quais 10 dos agressores também foram mortos.
O confronto mais sangrento em meses na Chechênia irrompeu poucas horas antes de o presidente russo, Vladimir Putin, declarar em um discurso em Moscou que irá defender a Rússia contra o que chamou de tentativas de desmembrar o país.
O ataque enfatizou a frágil situação de segurança na Chechênia mais de uma década depois de Putin enviar soldados para conter um levante separatista islâmico naquela região.
Dez policiais e 10 supostos militantes foram mortos, afirmou o Comitê Nacional Antiterrorismo da Rússia (NAK), acrescentando que outros 28 agentes da lei ficaram feridos.
Entretanto, Putin elogiou o líder da Chechênia, Ramzan Kadyrov, que tem o apoio do Kremlin, por realizar uma operação de segurança "profissional".
No começo da quinta-feira ele afirmou, durante seu discurso anual do Estado da União no Kremlin, que a Rússia está cercada de inimigos que procuram desmembrá-la e destruir sua economia, acrescentando: "Não o permitimos".
O NAK declarou que "terroristas" atacaram um posto da polícia em Grozny perto da 1h da manhã no horário local e depois invadiram escritórios que abrigam a mídia local e uma escola.
Filmagens obtidas pela Reuters mostraram confrontos de noite e de manhã envolvendo combates persistentes com armas pequenas e o que pareceu ser um míssil portátil atingindo o prédio da imprensa.
Os funcionários do prédio disseram que um civil morreu sufocado enquanto o fogo consumia o local, embora as autoridades não tenham confirmado o relato.
Um vídeo publicado no YouTube deu a entender que os agressores entraram em Grozny para um ato de "retaliação" pelo que chamou de opressão de mulheres muçulmanas.
O NAK declarou no início da noite desta quinta-feira que sua operação "antiterrorista" terminou e que todos os supostos militantes foram mortos.
Uma testemunha da Reuters em Grozny contou que forças de segurança mobilizaram veículos militares nas ruas, montaram vários postos de verificação e cercaram a área afetada.
"Não esperávamos que isso acontecesse, os demônios mostraram o que lhes resta de força", afirmou o líder checheno Kadyrov a repórteres em Moscou depois de assistir ao discurso de Putin.
Kadyrov controla a Chechênia com pulso firme desde as guerras separatistas de 1994-96 e 1999-2000, mas uma insurgência islâmica se espalhou pela região predominantemente cristã do norte do Cáucaso.
Em outubro, cinco policiais foram mortos e 12 ficaram feridos em Grozny no ataque de um homem-bomba.
(Reportagem de Vladimir Soldatkin e Alexei Anishchuk, com reportagem adicional e redação de Gabriela Baczynska)