Por Louis Charbonneau e Parisa Hafezi
VIENA (Reuters) - Os Estados Unidos e outras potências globais não estão com pressa para chegar a um acordo sobre o programa nuclear do Irã, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, nesta quinta-feira, sugerindo que um acordo é improvável horas antes do fim de um prazo estabelecido pelo Congresso norte-americano para rever mais rapidamente os termos.
"Estamos aqui porque acreditamos que estamos fazendo um progresso real", disse Kerry a repórteres em Viena. "Não vamos nos apressar e não seremos apressados." Ele não disse por quanto tempo mais as conversas continuariam. Pouco após Kerry falar, a Casa Branca disse que as conversas provavelmente não se arrastariam por "muitas semanas mais".
Nas últimas duas semanas, Irã, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China estenderam duas vezes o prazo final para completar um acordo de longo prazo sob o qual Teerã reduziria suas atividades nucleares por mais de uma década em troca de alívio em sanções internacionais.
O anúncio de Kerry ecoou comentários anteriores do ministro iraniano das Relações Exteriores, Java Zarif, que disse que o Irã e as grandes potências não seriam apressados.
"Estamos trabalhando duro, mas não estamos apressados para completar o serviço", disse ele no Twitter. Mais tarde, Zarif disse: "Vamos ficar aqui o tanto quanto necessário".
O chanceler francês, Laurent Fabius, disse que as partes continuariam negociando durante a noite para tentar resolver as "difíceis questões" ainda existentes nas conversas nucleares. Ele acrescentou que as "coisas estão... indo na direção certa."
Os negociadores deram a si próprios um prazo que vai até o fim da sexta-feira. Mas se um acordo não for alcançado até as 18h (horário de Viena), o Congresso norte-americano, liderado por republicanos, terá 60 dias --e não mais 30-- para revisar os termos do acordo, um tempo extra que a administração do presidente Barack Obama teme poder atrapalhar o acordo.
Potências ocidentais acusam o Irã de buscar a capacidade de construir armas nucleares, enquanto Teerã diz que seu programa é pacífico. Um acordo pode depender de o Irã aceitar limitações em seu programa nuclear em troca de alívio das sanções econômicas impostas por ONU, EUA e União Europeia.
(Reportagem adicional de John Irish, Arshad Mohammed e Shadia Nasralla, em Viena; e Katya Golubkova e Denis Pinchuk, na Rússia)