Por Dahlia Nehme
MECA (Reuters) - A principal autoridade religiosa da Arábia Saudita disse que os líderes do Irã não são muçulmanos, o que levou a uma forte reação de Teerã, em uma troca de declarações anormalmente áspera entre os adversários regionais sobre a peregrinação anual conhecida como haj.
A guerra de palavras na véspera da peregrinação em massa deve aprofundar a desavença entre o reino sunita e a república islâmica xiita, que apoiam lados opostos na guerra civil da Síria e em uma série de outros conflitos pelo Oriente Médio.
Em uma mensagem divulgada na segunda-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, criticou a Arábia Saudita pela maneira como administra o haj, depois que um incidente matou centenas de peregrinos no ano passado. Ele disse que as autoridades sauditas "assassinaram" alguns deles, descrevendo os governantes da nação rival como pessoas sem Deus e sem religião.
Respondendo a uma pergunta do jornal saudita Makkah, o grão-mufti da Arábia Saudita, Sheikh Abdulaziz Al al-Sheikh, disse não ter ficado surpreso com os comentários de Khamenei.
"Temos que entender que eles não são muçulmanos... seus principais inimigos são os seguidores da Sunnah (sunitas)", afirmou Al al-Sheikh.
Ele descreveu os líderes iranianos com filhos de "magos", uma referência ao zoroastrismo, a crença predominante na Pérsia até a invasão árabe muçulmana há 13 séculos na região que hoje é o Irã.
Khamenei se reuniu com familiares dos mortos iranianos no desastre do ano passado na quarta-feira e pediu a criação de um comitê para investigar a causa das mortes por esmagamento.
"A árvore genealógica maligna da dinastia saudita não tem competência para administrar os santuários sagrados", afirmou o aiatolá.
A fala de Al al-Sheikh, por sua vez, desencadeou uma resposta ácida do ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, que disse haver indícios de intolerância entre os líderes sauditas.
"De fato; não existe semelhança entre o islã dos iranianos e a maioria dos muçulmanos e o extremismo intolerante que o principal clérigo e os mestres sauditas do terror pregam", escreveu Zarif em seu Twitter.