Por Elisabeth O'Leary e Paul Sandle
BIRSTALL, Inglaterra (Reuters) - A polícia britânica disse nesta sexta-feira que o extremismo de direita era uma linha de investigação importante no assassinato da parlamentar Jo Cox, depois que um homem suspeito de ter ligações com neonazistas e com uma história de doença mental ter sido preso por conta do crime.
Jo Cox, de 41 anos, que apoiava a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia (UE), levou um tiro e um golpe de faca na quinta-feira de um homem que, segundo uma testemunha, gritou “Britain first”, um ataque que ocorreu no distrito eleitoral da deputada, em Birstall, perto da cidade de Leeds, no norte da Inglaterra.
O assassinato chocou a Grã-Bretanha, e a campanha para o referendo da próxima semana sobre a permanência na UE foi suspensa em sinal de respeito.
Policiais prenderam o homem de 52 anos de idade chamado, segundo a imprensa britânica, Thomas Mair, perto da cena do crime, e ele permanece detido e sendo interrogado por investigadores. Ele não foi indiciado.
A polícia disse que agentes antiterrorismo também participam das investigações sobre o ataque, que ocorreu quando Jo Cox chegava para uma reunião com eleitores.
"Estamos cientes da especulação na imprensa sobre as ligações do suspeito com os serviços de saúde mental, e isso é uma linha clara de investigação que estamos seguindo”, afirmou Dee Collins, comandante policial na região, num comunicado.
"Também estamos cientes das suposições na imprensa sobre o suspeito ter ligações com extremismo de direita, que é também uma linha prioritária da investigação que vai nos ajudar a estabelecer o motivo do ataque.”
O Britain First, um grupo nacionalista de extrema-direita, negou ter ligações com Mair, mas um grupo de direitos civis dos EUA afirmou que o suspeito esteve associado no passado com uma organização neonazista.
Em Birstall, uma cidade quieta de poucos milhares de habitantes, as pessoas colocaram flores num monumento perto do local do ataque. Uma mensagem dizia: “Fascistas se alimentam do medo”.
“Foi um ato vil que a matou”, afirmou Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o partido da parlamentar morta, ao deixar flores em homenagem a Jo Cox na companhia do primeiro-ministro David Cameron nesta sexta-feira. “Não vamos deixar essas pessoas que espalham ódio e veneno dividir a nossa sociedade.”
Após o assassinato, a campanha para o referendo de 23 de junho sobre a UE foi suspensa. O tom da campanha havia se tornado desagradável, com recriminações pessoais fortes, além de um debate ofensivo sobre temas como imigração e economia.
A morte da parlamentar provocou um debate no país, que tem um estrito controle de armas, sobre a segurança dos parlamentares, a intensidade dos confrontos políticos, e se o assassinato afetaria o resultado do referendo.
David Cameron concordou em convocar o Parlamento na segunda-feira para homenagear Jo Cox, parlamentar bastante querida, mãe de duas crianças e considerada uma integrante destacada da nova geração trabalhista.
O valor de ações, petróleo e títulos subiu depois que a campanha foi suspensa, revertendo as perdas do início da semana, que se deram depois de uma guinada nas pesquisas de opinião a favor do voto para deixar a UE.